O ministério russo indicou que apresentou a queixa na terça-feira devido a "uma campanha antirrussa em curso no espaço jornalístico italiano e à reação desproporcional do Governo de Roma à rejeição de Moscovo de certas declarações depreciativas dirigidas à Rússia por altos responsáveis do Governo italiano".
O Kremlin (presidência russa) publicou, a 24 de julho, uma lista elaborada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros com declarações de líderes de vários países ocidentais consideradas "discursos de ódio" contra a Rússia.
Nessa lista constava o Presidente de Itália, Sergio Mattarella, a quem passou a considerar "russofóbico".
"As constantes atividades antirrussas dos principais meios de comunicação italianos, as numerosas publicações falsas, incluindo artigos de correspondentes de Moscovo com informações pouco fidedignas, bem como os ataques 'russofóbicos' totalmente apoiados pelos círculos dirigentes italianos, que permitem declarações extremamente hostis contra a Rússia, apenas contribuem para o agravamento da atual crise nas relações russo-italianas", afirmou Moscovo.
O ministério, chefiado por Serguei Lavrov, sublinhou ser "estratégia contraproducente a criação de uma imagem da Rússia como inimigo".
Isso "não serve de forma alguma os interesses fundamentais dos italianos e não reflete as antigas tradições de amizade e simpatia mútua entre os povos da Rússia e da Itália", referiu.
No final de julho, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, convocou o embaixador russo em Roma, Alexei Paramonov, para protestar formalmente contra a inclusão de Mattarella na lista de "russofóbicos", afirmando tratar-se de "uma provocação" contra as autoridades e o povo italianos, ao mesmo tempo que manifestou "solidariedade institucional e pessoal" com o chefe de Estado.
A lista, na qual constam também Tajani e o ministro da Defesa, Guido Crosetto, inclui declarações do Presidente italiano na Universidade de Marselha, onde proferiu um discurso comparando a guerra de agressão da Rússia ao III Reich alemão.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, considerou o discurso "ofensivo, escandaloso e blasfemo".
A reunião com o encarregado de Negócios italiano serviu também para Moscovo protestar contra o cancelamento de um concerto do maestro russo Valeri Gergiev marcado para Roma.
O cancelamento do concerto de Gergiev, diretor dos teatros estatais russos Bolshoi e Mariinsky, que os meios de comunicação internacionais e a oposição russa associam ao Kremlin, foi cancelado em julho passado.
Algumas autoridades europeias denunciaram que o concerto foi organizado com financiamento da União Europeia.
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