Terroristas reivindicam mais dois ataques e cinco mortos em Cabo Delgado

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram hoje novos ataques nos distritos de Chiúre e Muidumbe, Cabo Delgado, com pelo menos cinco pessoas decapitadas, num momento crescente de violência naquela província moçambicana.

REPORTAGEM: Deslocados em Chiúre

© Lusa

Lusa
04/08/2025 11:47 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Moçambique

A reivindicação, feita através dos canais de propaganda do Estado Islâmico (EI), refere que numa aldeia de Chiúre foram capturadas e decapitadas quatro pessoas, na sexta-feira. No domingo, outra pessoa foi capturada e morta em Muidumbe, igualmente por elementos alegadamente pertencentes ao grupo Ahlu-Sunnah wal Jama`a (ASWJ).

 

No final da semana passada o mesmo grupo já tinha reivindicado um outro ataque em Chiúre, sul de Cabo Delgado, e a morte de 18 paramilitares 'naparamas', recorrendo a diferente armamento. Nessa mensagem anterior, o grupo extremista reivindicava a morte, neste ataque em Walicha, Chiúre, de 18 elementos destas milícias tradicionais locais e a destruição de "dezenas de casas" e motorizadas.

Os 'naparamas' são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 80, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade. Em Cabo Delgado, estas milícias apoiam as Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate aos extremistas que atuam localmente desde 2017 e já provocaram mais de um milhão de deslocados em toda a província.

Vários distritos de Cabo Delgado, sobretudo Chiúre, estão a registar uma crescente atividade por parte de elementos destes grupos nos últimos dias. Na semana passada, extremistas reivindicarem também a decapitação, em locais diferentes, vde pelos menos três cristãos moçambicanos.

O ministro da Defesa Nacional admitiu na quinta-feira, em Maputo, preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os insurgentes armados.

"Como força de segurança não estamos satisfeitos com o estado atual, tendo em conta que os terroristas nos últimos dias tiveram acesso às zonas mais distantes do centro de gravidade que nós assinalámos", disse o ministro da Defesa, Cristóvão Chume, em declarações aos jornalistas.

Acrescentou que as Forças de Defesa e Segurança estão no terreno "a combater os terroristas, a perseguir os terroristas", reconhecendo que "nem sempre vai ser possível evitar-se que situações como estas", que ocorrem pelo menos desde 24 de julho no distrito de Chiúre.

Segundo o governante, os últimos ataques causaram cerca de 12 mil deslocados, com as autoridades locais e organizações da sociedade civil no terreno a prestar já apoio às vítimas, sobretudo, para "minimizar o sofrimento da população".

Também o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, reconheceu à Lusa, em Pemba, um recrudescimento da atividade destes grupos nos últimos três meses, mais acentuada desde final de junho, nomeadamente no sul da província, que só nos últimos dias provocou milhares de deslocados, em fuga para Chiúre e para a vizinha Nampula.

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram um outro ataque, em 24 de julho, à aldeia e ao posto policial de Chiúre Velho, igualmente no sul da província de Cabo Delgado, com armas automáticas, levando material do seu interior.

Agências humanitárias no terreno contabilizam pelo menos 34.000 novos deslocados só entre 20 e 25 de julho, devido a novos ataques de insurgentes em Cabo Delgado, nos distritos de Chiúre, Ancuabe e Muidumbe.

A maioria destes deslocados está neste momento concentrada em duas escolas da vila de Chiúre, estando a receber apoio humanitário de agências das Nações Unidas e das autoridades moçambicanas.

Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).

Leia Também: Empresários moçambicanos receiam ficar fora da retoma da TotalEnergies

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