"Dos nossos 18 maiores parceiros comerciais, dois terços deles chegaram a um acordo. E os restantes países que não chegaram a acordo ou receberam uma carta receberão uma resposta deste governo antes da meia-noite de hoje. Portanto, sim, amanhã, 01 de agosto, as tarifas recíprocas entrarão em vigor", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em conferência de imprensa.
Depois de prorrogar a trégua que o próprio tinha estabelecido em abril em relação às "tarifas recíprocas", o presidente norte-americano definiu o dia 01 de agosto como a data efetiva para as tarifas mencionadas e enviou cartas a vários países a notificá-los.
Leavitt afirmou que não descarta que Trump consiga fechar "mais acordos entre agora e a meia-noite".
"Já o viram fazer isto. Ele fechou três negócios num dia recentemente", explicou ela, referindo-se ao anúncio feito por Trump de acordos com a Coreia do Sul e o Paquistão, além da ratificação de tarifas contra o Brasil e sobre o cobre, e ao anúncio de que vai impor uma tarifa de 25% à Índia e penalizações adicionais para o seu comércio com a Rússia.
"Sei que os líderes estrangeiros estão a telefonar (a Trump), conscientes de que este prazo de amanhã (sexta-feira) é um assunto sério para eles, e estão a fazer ofertas", garantiu a porta-voz.
Questionada sobre se, a partir de amanhã, as tarifas sobre os veículos, que até agora eram de 25%, vão aumentar para 15% para os importados do Japão e da Coreia do Sul, com base nos acordos recentemente assinados com Washington, Leavitt confirmou que sim e especificou que ambos os países "têm acordos comerciais elaborados à medida pelo Presidente".
A União Europeia (UE) e os Estados Unidos ainda estão a finalizar o texto oficial do acordo comercial para tarifas norte-americanas de 15% a produtos europeus, mas Bruxelas espera que tais direitos entrem já em vigor na sexta-feira.
"Os negociadores da UE e dos Estados Unidos estão, tal como acordado, a trabalhar para finalizar a declaração conjunta, com base no acordo alcançado entre os presidentes [da Comissão Europeia, Ursula] von der Leyen e Trump", disse o porta-voz do executivo comunitário para a tutela do Comércio, Olof Gill.
"Por outras palavras, o que acontecerá amanhã [sexta-feira], quando os Estados Unidos puserem termo à suspensão das suas chamadas taxas pautais recíprocas, que têm estado em pausa desde 07 de julho? É do entendimento claro da União Europeia que os Estados Unidos aplicarão o limite máximo acordado de 15% para todas as taxas pautais", clarificou o responsável.
Além disso, "é também do nosso entendimento claro que os Estados Unidos aplicarão as isenções ao limite máximo de 15%, tal como delineado pela presidente von der Leyen no domingo passado".
"Isto significa que, a partir de amanhã [sexta-feira], teremos o desagravamento pautal imediato [de 30% anteriormente anunciados para 15%] que tanto nos esforçámos por conseguir e, por conseguinte, uma posição muito mais forte de estabilidade e previsibilidade para as empresas e os consumidores da UE", acrescentou o porta-voz.
E adiantou: "Os Estados Unidos assumiram estes compromissos e cabe agora aos EUA implementá-los. A bola está do seu lado".
O acordo comercial fixa em 15% as tarifas aduaneiras norte-americanas sobre os produtos europeus, prevendo também o compromisso da UE sobre a compra de energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares (cerca de 642 mil milhões de euros), o investimento de 600 mil milhões adicionais (514 mil milhões de euros) e um aumento das aquisições de material militar.
Foi possível alcançar uma tarifa única de 15% sobre a maioria dos bens da UE exportados para os Estados Unidos, em vez dos 30% ameaçados por Donald Trump, isentando setores estratégicos como semicondutores, componentes aeroespaciais e certos produtos farmacêuticos.
O acordo ainda é preliminar e não totalmente oficial, com detalhes pendentes.
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