A denúncia tem lugar depois de Caracas e Washington terem chegado a acordo para libertar 252 venezuelanos que tinham sido deportados dos Estados Unidos (EUA) e que permaneciam detidos numa prisão de alta segurança em El Salvador, em troca de 10 norte-americanos detidos na Venezuela e da libertação de 80 presos políticos.
"Faltam 1.000 por libertar. As recentes libertações de pessoas sequestradas na Venezuela são a confirmação da utilização do sequestro como meio de terrorismo de Estado, a forma como as tiranias se mantêm no poder", referiu o movimento Comando com a Venezuela da opositora María Corina Machado, num comunicado.
Na nota informativa, a organização opositora explica que há famílias venezuelanas que hoje se sentem "imensamente aliviadas por se reunirem aos seus entes queridos após meses - e mesmo anos - de prisão arbitrária".
"As suas histórias são um testemunho de resistência e as suas libertações são também o fruto dos esforços persistentes das suas famílias, das organizações de defesa dos direitos humanos e dos aliados internacionais", referiu.
Para a oposição, a libertação dos norte-americanos "é um passo estratégico de um aliado como os Estados Unidos" que "confirma que a pressão contra o sistema criminoso de [Presidente] Nicolás Maduro está a funcionar".
No mesmo comunicado, a oposição diz continuar a construir uma força, a vontade e claridade política internacional, diplomática e cidadã para fazer respeitar "a vitória" de Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais de 28 de julho de 2024, "enquanto o regime se vê forçado a ceder".
"Hoje, na Venezuela, quase mil pessoas estão sequestradas pela tirania por razões políticas e a repressão aumentou brutalmente. Nas últimas 72 horas, o regime prendeu mais de 12 pessoas em diferentes estados do país e efetuou várias transferências para prisões comuns desde o [cárcere de] El Helicoide. Além disso, é uma decisão cruel e injusta o facto de não haver mulheres entre os presos recém-libertados", especificou.
Segundo a organização opositora, há um padrão repetido de uma "porta giratória" em que alguns presos políticos são libertados enquanto outros inocentes são presos, e isso, frisa, "não é mais do que uma ratificação da natureza criminosa do sistema".
"Esta dura realidade demonstra a urgência de se avançar para uma solução global e definitiva para o conflito na Venezuela (...). A nossa palavra de ordem hoje é a libertação definitiva dos quase mil presos políticos que ainda se encontram em cativeiro. Por eles e por todo um país refém, iremos até ao fim", concluiu.
Segundo a imprensa venezuelana, o acordo entre Caracas e Washington previa a libertação de 80 presos políticos, dos quais quase 60 já saíram em liberdade.
Segundo a organização não-governamental Foro Penal (FP), em 04 de julho, estavam detidas na Venezuela 940 pessoas por motivos políticos, 844 homens e 96 mulheres, 771 civis e 169 militares.
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