Governo espanhol pede prioridade na investigação de grupos racistas

O Ministério da Administração Interna de Espanha pediu hoje às polícias do país para as investigações de grupos racistas e xenófobos ligados à extrema-direita serem prioritárias, atendendo ao aumento de incidentes como os ocorridos em Torre Pacheco.

torre pacheco espanha

© Olmo Blanco/Getty Images

Lusa
17/07/2025 21:10 ‧ há 9 horas por Lusa

Mundo

Espanha

O Governo reuniu hoje a comissão de acompanhamento do Plano de Ação e Luta Contra os Delitos de Ódio 2024-2028, na sequência dos incidentes em Torre Pacheco, localidade na região de Múrcia, sul de Espanha, onde na última semana se registaram distúrbios com grupos de extrema-direita que responderam a um apelo na Internet para "uma caçada" a imigrantes.

 

Na sequência da reunião de hoje o Ministério da Administração Interna (MAI) vai enviar às polícias diretrizes para pedir prioridade para a investigação deste tipo de grupos, disse o ministro Fernando Grande-Marlaska.

Por outro lado, o Centro de Inteligência contra o terrorismo e o Crime Organizado (CITCO) de Espanha incorporará de forma expressa os delitos de ódio na coordenação das suas investigações, com o reforço de meios para monitorizar a Internet  e eliminar conteúdos online.

Segundo o Governo espanhol, registaram-se nos últimos meses incidentes e distúrbios noutros locais, semelhantes aos de Torre Pacheco.

Grande-Marlaska defendeu ser necessário "conjurar e prevenir qualquer ameaça à convivência antes que seja demasiado tarde".

Apesar de globalmente os crimes de ódio terem diminuído 12,8% em Espanha em 2024, os relacionados com racismo e xenofobia são os mais numerosos, o que "Não é uma casualidade", considerou o ministro, que condenou os discursos "salva pátrias" de partidos de direita e extrema-direita, que têm a imigração como alvo e fazem uma associação falsa entre criminalidade e população estrangeira ou de origem estrangeira.

As forças de segurança espanholas vão manter um dispositivo especial em Torre Pacheco, apesar de um aparente regresso à normalidade na localidade desde quarta-feira, anunciou hoje o Governo espanhol.

Vivem em Torre Pacheco cerca de 40 mil pessoas, 30% das quais imigrantes ou de origem estrangeira, segundo as autoridades.

Os distúrbios e o apelo "à caçada" surgiram depois de um homem de 68 anos, habitante da localidade, ter sido agredido por jovens sem razão aparente, contou a própria vítima, na quinta-feira passada, a meios de comunicação social.

Em declarações hoje ao jornal El Pais, o homem agredido lamentou o aproveitamento que fizeram do seu caso grupos extremistas que nada têm a ver com a localidade e condenou o apelo de violência contra toda a comunidade local.

"Delinquentes há de todas as cores", disse a vítima ao jornal.

Segundo a Delegação do Governo de Espanha em Múrcia, foram identificadas desde sábado mais de 300 pessoas em Torre Pacheco e 14 foram detidas pela polícia.

"Detetámos [na Internet] a organização de uma chamada 'caçada' [a imigrantes] para os dias 15, 16 e 17, o que permitiu antecipar um dispositivo policial de prevenção que conteve a situação", disse, na segunda-feira, a delegada do Governo de Espanha em Múrcia, Mariola Guevara.

Entre os detidos estão os três suspeitos de estarem relacionados com a agressão ao homem de 68 anos que desencadeou os apelos racistas na Internet.

Outro dos detidos, um homem de 28 anos, é o autor das mensagens nas redes sociais Telegram e Instagram que apelaram para "uma caçada" a imigrantes em Torre Pacheco.

Este homem, líder em Espanha do grupo "Deport them now" ("Deportem-nos já") é suspeito de crimes de incitação ao ódio, pertença a associação ilícita para cometer delitos discriminatórios e posse ilegal de armas, segundo um comunicado do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC), região onde reside e foi detido.

Leia Também: Polícia com dispositivo em Torre Pacheco (apesar de aparente normalidade)

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