Os EUA pretendem abster-se de comentar ou criticar eleições no estrangeiro, a menos que exista um interesse claro e convincente da política externa do país em fazê-lo.
Numa nova orientação emitida na quinta-feira para todas as embaixadas e consulados dos EUA no exterior, o departamento de Estado diz que as representações diplomáticas do país no exterior devem abster-se de emitir declarações que invoquem qualquer ideologia particular.
E o que podem dizer deve estar de acordo com a posição declarada do presidente Donald Trump de que os EUA respeitarão a soberania de todas as nações estrangeiras, acrescenta.
"Consistente com a ênfase da administração na soberania nacional, o departamento comentará publicamente as eleições apenas quando houver um interesse claro e convincente da política externa dos EUA para o fazer", de acordo com a nota, uma cópia da qual foi partilhada com a agência de notícias Associated Press.
Durante décadas, o departamento de Estado dos EUA emitiu declarações críticas ou questionando a legitimidade de certas eleições, nomeadamente em países autoritários. Isso está a mudar à medida que a administração Trump tem dado destaque a uma abordagem de política externa "America First", centrada nos interesses dos EUA, escreve aquela agência de notícias.
"Quando for apropriado comentar sobre uma eleição estrangeira, a nossa mensagem deve ser breve, focada em dar os parabéns ao candidato vencedor e, quando apropriado, referir interesses partilhados de política externa", afirma.
O documento, que foi assinado pelo Secretário de Estado Marco Rubio e relatado pela primeira vez pelo Wall Street Journal, adianta também que "as mensagens devem evitar opinar sobre a justiça ou integridade de um processo eleitoral, a sua legitimidade ou os valores democráticos do país em questão".
No passado, os comentários dos EUA que questionavam ou criticavam as eleições apoiavam frequentemente as conclusões de vários grupos de monitorização eleitoral, como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa ou instituições com sede nos EUA, como o Centro Carter, o Instituto Democrático Nacional e o Instituto Republicano Internacional.
Agora, a ordem do departamento de Estado afirma que a divulgação das conclusões de grupos externos ou a denúncia de irregularidades eleitorais só podem ser feitas com a autorização de altos responsáveis em Washington.
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