Angola ainda regista abate de elefantes por caça furtiva pelo marfim

A caça furtiva e o conflito homem-elefante em Angola continuam evidentes, com o registo, nos últimos seis anos, da morte dez pessoas e 16 desses mamíferos, indicou hoje uma organização ambiental.

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Lusa
02/07/2025 17:22 ‧ há 10 horas por Lusa

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Elefantes

A preocupação foi avançada pelo diretor executivo da Fundação Kissama, Vladimir Russo, que falava à imprensa à margem do 'workshop' sobre o Estado e Conservação dos Elefantes-da-floresta, uma das espécies existentes em Angola, promovido por esta organização ambiental em parceria com o Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação.

 

Em 2018, a Fundação Kissama começou a implementar o Projeto Nzau de Conservação dos Elefantes-da-floresta, espécie em perigo crítico.

Vladimir Russo referiu que o projeto tem como objetivo principal identificar os locais com presença de elefantes nas florestas, para a apresentação de duas medidas concretas.

Segundo Vladimir Russo, é preciso perceber onde se encontram os elefantes, as pessoas e onde há conflito, que técnicas de mitigação podem ser tomadas, e ter-se noção da distribuição geográfica dos elefantes-da-floresta, basicamente presentes nas províncias de Cabinda, Uíje, Cuanza Norte e Bengo.

"Para se identificar nessas áreas, locai,s onde possamos propor áreas de conservação, mantendo os elefantes e pessoas separadas", referiu.

Desde o arranque do projeto já foram tentadas várias formas de controlar a espécie, desde colocar coleiras para identificar a sua localização, a testes de DNA, para se confirmar que são elefantes-da-floresta e não elefantes de savana, a segunda espécie existente no país, e ainda a expansão de uma rede de guardiões, membros das comunidades para obtenção de informações sobre os mamíferos, descreveu Vladimir Russo.

O ambientalista frisou que uma das principais ameaças é a desflorestação, para fabrico de carvão, corte de madeira e agricultura, atividades que invadem o habitat dos elefantes, provocando a sua deslocação para as comunidades.

"Essa é uma das principais dificuldades, a falta de ordenamento do território, que as pessoas estão a construir e a criar lavras em zonas de migração e de transição de elefantes, este é o principal problema, o desordenamento do território, o tipo de atividades e a caça furtiva direcionada aos elefantes por causa do marfim", disse.

De acordo com Vladimir Russo, desde 2019 pelo menos 16 elefantes foram mortos de diversas formas, sendo que mais de 50% do abate foi por caça furtiva.

"Houve casos de atropelamentos, outros inconclusivos, casos de elefantes que invadem as lavras e as pessoas ao ripostarem acabam por matar os elefantes, mas mais de 50% desses casos foram animais mortos para a recolha do marfim. Quando chegamos ao local, na maior parte dos casos o marfim já não estava e a população estava a fazer o retalhamento da carne", disse.

Vladimir Russo reiterou que a caça furtiva "é um assunto muito grave, principalmente por causa do marfim", destacando que a maior parte do marfim que sai de Angola, tanto do elefante-da-floresta como do elefante de savana, tem como destino final a Ásia, nomeadamente a China, Vietname, Hong Kong.

O diretor executivo da Fundação Kissama referiu que tem havido apreensões no aeroporto internacional de Luanda, mas há informação da passagem de marfim a partir da fronteira da Namíbia, onde há também caça furtiva, e da Zâmbia, utilizando Angola "como um corredor".

"Tem sido feito esforço a nível do Ministério do Ambiente e com o SIC [Serviço de Investigação Criminal] e as alfândegas, para melhor controlar" mas ainda existem "muitos casos de marfim a sair, a utilizar o nosso território como porto de trânsito, mas também como fonte de fornecimento de marfim", disse.

Por sua vez, o chefe de departamento da Área de Conservação Ambiental do Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação, Noé Pinto, disse que ainda se desconhece o número de elefantes-da-floresta em Angola, devido às dificuldades de meios para sobrevoo das florestas.

Já os elefantes da savana, o último censo realizado em 2022 indica a existência no país de 5.983 animais desta espécie, localizados nos parques nacionais do Luengue-Luiana, Mavinga, Mupa, Bicuar e Kissama, estando a decorrer por esta altura um novo censo.

Leia Também: Detidos dois homens com 140 pontas de marfim no centro de Moçambique

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