WWF e outras ONG defendem "neutralidade climática" para UE já em 2040

As organizações WWF, CAN Europa e Carbon Market Watch defenderam hoje que a União Europeia deve atingir a "neutralidade climática" já em 2040, objetivo que a UE estabeleceu alcançar em 2050.

Ministros do Ambiente querem cumprir Acordo de Paris mesmo sem os EUA

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Lusa
26/06/2025 17:26 ‧ há 3 horas por Lusa

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A posição foi divulgada numa conferência de imprensa 'online' antes da apresentação da proposta de alteração da Lei Europeia do Clima para a Meta Climática de 2040 pela Comissão Europeia, na próxima quarta-feira.

 

A Comissão recomenda uma redução de 90% das emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2040, em comparação com os níveis de 1990, considerando que está de acordo com pareceres científicos recentes e com os compromissos assumidos pela União no âmbito do Acordo de Paris.

Mas Michael Sicaud-Clyet, responsável pela política climática no gabinete europeu do Fundo Mundial para a Natureza (WWF na sigla em inglês), afirmou na conferência de imprensa que "mesmo 95% de redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2040 não é suficiente para que a UE cumpra a sua quota-parte na mitigação das alterações climáticas globais".

Sicaud-Clyet disse que o Conselho Consultivo Científico Europeu para as Alterações Climáticas recomendou a redução das emissões internas do bloco dos 27 em 90 a 95% até 2040, adiantando que algumas instituições internacionais e o secretário-geral da ONU, António Guterres, "também recomendaram que os países desenvolvidos, incluindo a UE, atinjam a neutralidade climática até 2040".

O ativista considerou "muito importante (a UE) ter objetivos climáticos ambiciosos para 2040", porque estes são seguidos nos planos de ação climática dos países, com as designadas contribuições determinadas nacionalmente (NDC).

Sam van den Plas, da Carbon Market Watch, considerou que os créditos de carbono internacionais -- previstos no Acordo de Paris sobre as alterações climáticas no âmbito da cooperação entre países para se alcançarem as NDC e geridos nos "mercados de carbono" -- "podem prejudicar uma ação europeia significativa em matéria de clima".

"Há um grande risco de que, se a UE confiar nesses créditos, estejamos a compensar os nossos próprios compromissos europeus em matéria de clima, permitindo a continuação da poluição por carbono na UE e uma presumível redução das emissões noutros locais", salientou, adiantando que a "lógica de compensação, do ponto de vista climático, não faz qualquer diferença globalmente".

Ou seja, a nível mundial "não contribui para a redução das emissões".

Sendo a Carbon Market Watch uma organização que acompanha e faz investigação sobre o referido mercado, Van den Plas disse que os ativistas também prestam atenção aos aspetos económicos e à questão da competitividade industrial na Europa, mas alertou que a compra de créditos noutro local significa menos investimento na União Europeia.

Para o responsável, a compra de créditos no exterior "perpetua e adia a descarbonização" dos setores industriais em causa na Europa e estes "precisam de investimentos em tecnologias limpas para prosperar".

"Seria altamente prejudicial e pouco inteligente, do ponto de vista económico, externalizar essas reduções de emissões e renunciar aos investimentos na União Europeia", insistiu.

A neutralidade climática é um conceito mais amplo que a neutralidade carbónica, considerando não só o dióxido de carbono (CO2), mas também outros gases com efeito de estufa, como o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), assim como outros impactos no clima.

Leia Também: Apenas 2% dos mares da UE estão protegidos a cinco anos da meta de 30%

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