O primeiro-ministro belga considerou hoje que se o seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, conseguir atingir o objetivo de capacidades militares com apenas 2,1% do Produto Interno Bruto, "é um génio" que poderá inspirar outros.
À entrada da cimeira da NATO, que termina hoje na cidade de Haia, nos Países Baixos, Bart De Wever foi questionado sobre as reservas manifestadas por Espanha em relação ao objetivo que deverá sair hoje da reunião de alto nível: 5% do PIB de investimento em Defesa, repartido em 3,5% para despesas puramente militares e 1,5% em gastos relacionados.
O chefe do executivo belga frisou por várias vezes que os 32 membros da Aliança subscrevem "o mesmo texto" e "não há tratamentos especiais".
Luís Montenegro, por exemplo, afirmou hoje que Portugal cumprirá com o objetivo de 3,5% com "equilíbrio" e responsabilidade. "Nós temos uma perspetiva de poder ter um investimento nos próximos 10 anos que estimamos, possa gerar um consenso agora na cimeira, - não quero já antecipar as conclusões, - de se poder atingir 3,5% do PIB", afirmou o primeiro-ministro, à entrada da cimeira da NATO, que decorre na cidade de Haia, Países Baixos.
Bart De Wever salientou que se os cálculos da NATO preveem que para atingir os "objetivos de capacidade", com os preços atuais, é necessário investir 3,5% do PIB em despesas puramente militares (e mais 1,5% em despesas relacionadas com Defesa e segurança), "essas pessoas não são estúpidas".
"Elas sabem do que falam, portanto, provavelmente têm razão. Seria ótimo ver que é possível fazer o que é calculado para ser 3,5% para 2,1%, como o Pedro Sánchez disse. Se ele pode fazer isso, ele é um génio. E, claro, a genialidade inspira as pessoas", ironizou.
Sublinhe-se que o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse no fim de semana que não iria além de 2,1% do PIB, mas Mark Rutte considerou que não há isenções de qualquer país.
O primeiro-ministro belga considerou que atingir 3,5% de despesas puramente militares num período de 10 anos "é um objetivo realista".
Interrogado sobre o facto de o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, ter admitido diferentes interpretações do artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte, que determina que um ataque a um aliado é um ataque a todos, Bart De Wever considerou essencial que não existam dúvidas acerca deste ponto.
Também o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, manifestou confiança de que os Estados Unidos da América estão comprometidos com o artigo 5.º e rejeitou que Trump o tenha relativizado.
O chefe de Estado do país que faz fronteira com a Rússia e entrou na NATO em 2023, cerca de um ano depois do início do conflito na Ucrânia, classificou a cimeira como "histórica", com o "nascimento de uma nova NATO" com maior responsabilidade europeia.
O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, considerou que o incremento no investimento em Defesa "não é fazer um favor a ninguém", considerando que há uma ameaça credível à Aliança Atlântica, em particular da Rússia.
Apesar das críticas feitas, por exemplo, pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o chanceler alemão considerou que há "uma grande harmonia" entre os 32 países da organização político-militar.
Já o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse estar de acordo com o objetivo de investir 5% do PIB em Defesa, mas colocou "uma pré-condição" de se fazer uma revisão orçamental ao nível da União Europeia. Caso contrário, advogou, "ninguém na União Europeia vai conseguir concretizar os 5%".
Dos 32 Estados-membros da NATO, 23 são também países que integram a União Europeia.
Sobre Donald Trump, Orbán considerou o presidente dos Estados Unidos da América um "homem de bom senso".
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