O poder judicial iraniano confirmou hoje que os ataques israelitas atingiram a prisão de Evin, em Teerão, danificando partes das instalações, depois de Israel ter anunciado o estabelecimento prisional como um dos alvos dos bombardeamentos.
"Durante o último ataque do regime sionista a Teerão, os projéteis atingiram infelizmente a prisão de Evin, causando danos em algumas secções", declarou o órgão do sistema judicial, Mizan Online.
Os edifícios da prisão no norte da capital iraniana permanecem "sob controlo" das autoridades, disse a mesma fonte, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
A televisão estatal iraniana mostrou o que pareciam ser imagens de vigilância a preto e branco do ataque.
A prisão é conhecida por deter cidadãos com dupla nacionalidade e ocidentais, frequentemente utilizados pelo Irão como moeda de troca nas negociações com o Ocidente.
Evin tem também unidades especializadas para prisioneiros políticos e para os que têm ligações com o Ocidente, geridas pelos Guardas da Revolução, que respondem apenas perante o líder supremo, 'ayatollah' Ali Khamenei.
A prisão é objeto de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, disse nas redes sociais que o ataque à prisão era uma resposta aos últimos ataques do Irão a Israel, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
"Avisámos o Irão vezes sem conta: parem de atacar civis! Continuaram, incluindo esta manhã. A nossa resposta: 'Viva a liberdade, caramba!'", escreveu Saar, usando uma frase do Presidente argentino, Javier Milei.
O líder argentino estava em visita oficial a Israel pouco antes do início da ofensiva contra o Irão, em 13 de junho.
A irmã da francesa Cécile Kohler, detida na prisão de Evin com o companheiro Jacques Paris há mais de três anos, considerou como "completamente irresponsável" o ataque israelita.
"Não temos notícias, não sabemos se ainda estão vivos, estamos em pânico", disse Noémie Kohler à AFP.
O ataque "coloca os nossos entes queridos em perigo de vida", afirmou.
Kokler apelou às autoridades francesas para que "condenem estes ataques extremamente perigosos" e libertem os prisioneiros franceses.
"Isto é realmente o pior que poderia ter acontecido", continuou Noémie Kohler, que luta incansavelmente há mais de três anos para libertar a irmã e o companheiro, acusados de espionagem e considerados "reféns do Estado" iraniano pela França.
"Este ataque é completamente irresponsável, Cécile e Jacques e todos os prisioneiros correm perigo de vida", insistiu, preocupando-se também com o risco de caos e motins que o ataque poderá provocar na prisão.
A advogada da família Kohler, Chirinne Ardakani, condenou o "ataque ilegal".
"O risco de motins, de confusão geral e de represálias das forças de segurança contra os detidos insurrectos faz temer um derramamento de sangue. A vida das pessoas está a ser posta em causa por ambos os lados", disse à AFP.
Israel lançou a ofensiva contra o Irão sob a alegação de que o país persa da Ásia central estava prestes a obter uma bomba atómica.
Desde então, os dois países têm-se atacado mutuamente, com mais de 400 mortos do lado iraniano, incluindo altos oficiais militares e cientistas do programa nuclear, e pouco mais de duas dezenas de mortos do lado israelita.
O conflito teve um desenvolvimento inesperado no fim de semana, quando os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares iranianas, incluindo a de Fordo, construída no interior de uma montanha a sul de Teerão.
O Irão prometeu vingar a entrada dos Estados Unidos na guerra ao lado de Israel.
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