"Acreditamos que reconhecer um Estado palestiniano, especialmente neste momento, seria um triunfo para o terrorismo. O Hamas atacou Israel a 07 de outubro [de 2023], de forma brutal e sangrenta. Se no fim desse ataqu,e os países começarem a reconhecer o Estado palestiniano, isso será visto como um prémio pelo terror", disse o embaixador, numa entrevista à agência Lusa, reagindo a declarações de hoje no Parlamento do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Interpelado por deputados sobre a questão do reconhecimento da Palestina, o primeiro-ministro reiterou hoje que o Governo português "mantém uma avaliação permanente" sobre a matéria, sublinhando que qualquer decisão terá de produzir "efeitos úteis" no processo de paz.
Durante a discussão do programa de Governo, os partidos à esquerda do hemiciclo, incluindo o PS, pressionaram o Governo a assumir uma posição sobre o assunto.
Neste cenário, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou que Portugal continuará a consultar os seus parceiros europeus e internacionais, aguardando com expectativa a próxima conferência sobre o Médio Oriente, organizada por França e pela Arábia Saudita.
"Esperamos progressos significativos nesse encontro", afirmou Rangel, sinalizando prudência e cooperação diplomática como eixos centrais da posição portuguesa.
Apesar da cautela do Governo português, o embaixador israelita em Lisboa considera que qualquer movimento político nesse sentido, no atual contexto, favorece as fações radicais e enfraquece os moderados.
"Entre os palestinianos, existem dois grupos: os mais moderados e os extremistas, como o Hamas. Estes estão a disputar a simpatia da população. Se a Europa reconhecer agora o Estado palestiniano, estará a dar um prémio ao extremismo", alertou Rosenblat.
Para o diplomata, esse gesto seria interpretado como uma vitória do Hamas e poderia minar os esforços de estabilização da região.
"Acreditamos que essa decisão teria um efeito muito negativo para a região. Enfraquece os moderados e recompensa os que recorreram à violência", insistiu o embaixador.
Questionado pela Lusa sobre eventuais conversas com o Governo português acerca desta matéria, o embaixador optou pela reserva diplomática.
"Falo regularmente com o Governo português. Mas o conteúdo dessas conversas fica entre nós. Não comento esses assuntos na imprensa", respondeu, recusando-se a confirmar ou desmentir contactos recentes sobre o tema.
Leia Também: Montenegro admite reconhecimento da Palestina mediante "condições"