Os violentos confrontos que se têm registado em Los Angeles, nos Estados Unidos, desde sexta-feira levaram a tensão das ruas para a política. O governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, decidiu avançar com uma ação judicial contra a administração Trump para reverter a mobilização da Guarda Nacional, que considerou "um ato ilegal, imoral e inconstitucional".
A mobilização da Guarda feita há dois dias por Trump, para travar os protestos onde centenas de manifestantes contestam as rusgas levadas a cabo pela polícia de estrangeiros e fronteiras nos Estados Unidos, foi feita pela primeira vez em décadas sem um pedido do respetivo governador.
Para avançar com a medida, Trump citou uma disposição legal que lhe permite mobilizar membros do serviço federal quando há "uma rebelião ou perigo de rebelião contra a autoridade do Governo dos Estados Unidos", mas Gavin Newsom não concordou - e vai levar o caso para a justiça.
Só no fim de semana, cerca de 300 membros da Guarda Nacional chegaram à cidade e Donald Trump disse que autorizaria a mobilização de 2.000 membros, caso fosse necessário. Essa autorização aconteceu já na segunda-feira, juntamente com 700 fuzileiros, elevando para quase cinco mil o número total de militares mobilizados na cidade.
Estes soldados serão deslocados para proteger edifícios federais na cidade. Atualmente, apenas algumas dezenas de soldados estão destacados para guardar o complexo federal no centro de Los Angeles, que inclui o centro de detenção de imigrantes.
Newsom denunciou, entretanto, a situação de sobrelotação de Los Angeles, onde os primeiros soldados para aí destacados se deparam falta de alimentos e água.
Os Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) e os tribunais de imigração localizados no complexo federal suspenderam os serviços ao público na segunda-feira.
"Abuso da autoridade"? Decisões de Trump geram tensão política
Gavin Newsom, que Trump apelidou de 'Newscam' [nova escumalha], é considerado um potencial candidato à Casa Branca em 2028 e é um dos alvos preferidos do republicano, que afirmou na segunda-feira que seria "ótimo" prendê-lo.
No entanto, não é o único líder do poder local a contestar o presidente norte-americano. O procurador da Califórnia, Rob Bonta, apresentou uma ação judicial contra a Administração Trump, alegando que a medida tomada pela Casa Branca configura "abuso da autoridade do governo federal e violou a Décima Emenda" da Constituição.
Já a presidente democrata da Câmara Municipal de Los Angeles, Karen Bass, garantiu que o perímetro dos confrontos se confina a "algumas ruas" do centro da cidade, mas segundo Trump, a metrópole californiana teria sido "varrida do mapa" se não tivesse decidido enviar a Guarda Nacional.
México condena "violência", Hong Kong pede "cautela" e ONU critica "maior militarização"
Fora das fronteiras dos Estados Unidos, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, condenou a "violência" durante os protestos e apelou ao "respeito pela dignidade humana e pela lei".
Do lado do governo da região administrativa especial chinesa de Hong Kong pediu-se "cautela" aos residentes que estão nos Estados Unidos ou pretendam visitar o país devido aos confrontos, aconselhando-os a "acompanhar a situação local, cuidar da segurança pessoal, evitar grandes aglomerações e prestar atenção aos comunicados locais".
Já a ONU apelou a uma desescalada de tensões, alertando contra o uso de forças militares e pedindo "a todas as partes a nível local, estadual e federal para que trabalhem para esse fim".
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