"Para nós, é uma questão existencial, uma questão dos nossos interesses nacionais, uma questão da nossa segurança, do nosso futuro e do futuro dos nossos filhos, do futuro do nosso país", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Trump comparou na quinta-feira o conflito na Ucrânia a uma luta num parque entre "duas crianças pequenas".
"Por vezes, vemos dois miúdos a lutar como loucos. Odeiam-se, estão a lutar num parque e tenta-se separá-las. Eles não querem que os separemos, mas às vezes é melhor deixá-los lutar por um tempo e depois separá-los", afirmou.
Questionado durante a habitual conferência de imprensa telefónica diária sobre as declarações de Trump, Peskov respondeu que "o Presidente norte-americano pode, naturalmente, ter o seu próprio ponto de vista sobre o que está a acontecer".
O porta-voz do Presidente Vladimir Putin disse ser importante para Moscovo continuar os contactos com Washington, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
"Os Estados Unidos continuam a fazer esforços de mediação para resolver o conflito [na Ucrânia], pelo que estamos muito gratos", acrescentou.
Trump ameaçou na quinta-feira impor sanções "muito duras" não só contra a Rússia, mas também contra a Ucrânia, caso a guerra entre os dois países não termine.
O líder republicano manteve uma conversa telefónica com Putin na quarta-feira e disse que o Presidente russo lhe comunicou que Moscovo iria responder aos ataques ucranianos de 01 de junho contra cinco bases aéreas na Rússia.
Após os ataques, realizados com 'drones' lançados a partir de contentores introduzidos ilegalmente na Rússia, Kiev disse ter destruído ou danificado cerca de 40 aviões russos, incluindo bombardeiros.
Duas das bases atacadas situam-se na Sibéria, a mais de 4.000 quilómetros da fronteira entre os dois países.
A Ucrânia disse hoje que a Rússia lançou durante a noite mais de 400 'drones' e 45 mísseis contra várias regiões do país, incluindo Kiev, onde morreram três pessoas, segundo o Presidente Volodymyr Zelensky.
"Quase toda a Ucrânia foi atingida: as regiões de Volynia, Lviv, Ternopil, Kiev, Sumi, Poltava, Khmelnitsky, Cherkasy e Chernobyl", escreveu Zelensky nas redes sociais, juntamente com fotografias que identificou como sendo zonas residenciais afetadas pelos bombardeamentos.
O Ministério da Defesa russo disse tratar-se de uma retaliação pelos ataques contra as bases aéreas.
"Em resposta aos atos terroristas cometidos pelo regime de Kiev, as forças armadas russas lançaram um ataque maciço durante a noite, utilizando armas aéreas, marítimas e terrestres de alta precisão e de longo alcance, bem como 'drones' de ataque", afirmou.
À semelhança de ataques anteriores, o ministério russo disse que apenas visou alvos militares.
Também o exército ucraniano reivindicou hoje ter bombardeado "com sucesso" duas bases aéreas na Rússia durante a noite, a sudeste de Moscovo.
Foram ainda atingidos outros alvos militares, incluindo um ponto de logística de duas divisões motorizadas do exército russo na região de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, acrescentou.
As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelos dois lados não podem ser verificadas de imediato por fontes independentes.
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e ocupa atualmente cerca de 20% do país vizinho.
A guerra já custou dezenas de milhares de vidas civis e militares de ambos os lados, segundo várias fontes.
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