"Há um agressor, que é a Rússia. Há um agredido, que é a Ucrânia. Todos queremos a paz, mas não podemos tratar os dois beligerantes de forma equidistante", afirmou Emmanuel Macron, numa conferência de imprensa conjunta no Palácio do Eliseu, em Paris.
Macron sublinhou que o Brasil tem "um papel muito importante a desempenhar" na procura de uma solução para o conflito na Ucrânia e para alcançar a paz, após a invasão russa em fevereiro de 2022, já que mantém laços estreitos com o Presidente russo, Vladimir Putin, causando tensão com o Governo ucraniano de Volodymyr Zelensky.
Por seu lado, Lula da Silva lembrou que o Brasil realizou iniciativas diplomáticas em favor da paz com países como a China, acrescentando que há um mês instou Putin a participar nas rondas de negociação na Turquia, algo que acabou por não acontecer.
Além disso, o líder brasileiro referiu que desde o começo da guerra, que o Brasil se opõe à ocupação territorial russa da Ucrânia e que pretende "contribuir para que haja paz nos dois países, porque a guerra não interessa a ninguém".
"Discuti muito com o Presidente chinês [Xi Jinping] e quando os dois quiserem negociar a paz, nós estaremos dispostos a dar nossa contribuição. Mas são os dois [Rússia e Ucrânia] que têm que decidir", afirmou Lula.
Criticando a atual ação da ONU, o líder brasileiro considerou "lamentável" que a ONU esteja "enfraquecida politicamente" e sem poder "dar opinião sobre qualquer guerra", por essa razão insiste no "fortalecimento da representação do Conselho de Segurança da ONU".
Para o chefe de Estado francês, o papel do Brasil e da China é "defender a resolução desse conflito e a paz, respeitando a carta das Nações Unidas", que prevê a integridade territorial dos países e que foi violada "por um único país, a Rússia".
"Há apenas um país que violou os direitos internacionais e que, infelizmente, é membro permanente do Conselho de Segurança", acrescentou Macron, defendendo a união de esforços entre europeus, americanos, chineses, brasileiros e indianos para "pressionar a Rússia a parar o conflito, para que uma paz robusta e durável possa ser negociada", com garantias de segurança.
Na mesma conferência de imprensa, os dois chefes de Estado acabaram por discordar ainda na aceitação do acordo comercial entre a UE e o Mercosul em seis meses, perante a presidência de Lula da Silva no bloco que integra Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, em que Macron exige "cláusulas de salvaguarda e cláusulas-espelho" para o tornar justo para os agricultores europeus.
Durante o primeiro dia da visita de Estado do Presidente brasileiro a França, a primeira em 13 anos, a convite de Macron, Lula da Silva assinou 20 atos bilaterais nas áreas de vacinas, segurança pública, educação e ciência e tecnologia.
Além disso, Lula da Silva participa em atividades ligadas à Temporada França-Brasil e recebe na sexta-feira o título de "Doutor Honoris Causa" na Universidade Paris 8, antes de se deslocar para a terceira conferência da ONU sobre os Oceanos em Nice e para Lyon.
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