Esta decisão surge após uma conferência organizada pela administração curda, que controla grandes áreas do norte e nordeste da Síria, com a participação de várias comunidades minoritárias sírias --- a primeira desde a deposição do ex-Presidente Bashar al-Assad por uma coligação islâmica em dezembro.
Entre os participantes estava o comandante das Forças Democráticas Sírias (FDS), Mazloum Abdi, que assinou um acordo em 10 de março com o Presidente interino Ahmad al-Shareh, prevendo a integração das instituições civis e militares curdas no Estado.
Na declaração final apela-se a "uma constituição democrática que estabeleça um Estado descentralizado", enquanto Damasco rejeita qualquer projeto de descentralização.
"Esta conferência representou um golpe nos esforços de negociação em curso. Como resultado, (o Governo) não participará em nenhuma reunião agendada em Paris", disse uma autoridade síria, citada pela agência noticiosa oficial Sana.
O Governo "convida os mediadores internacionais a transferir todas as negociações para Damasco, o único local legítimo e nacional para o diálogo entre os sírios", acrescentou a autoridade, falando sob anonimato.
No final de julho, Síria, França e Estados Unidos da América anunciaram um acordo para realizar discussões em Paris "o mais rapidamente possível" sobre a implementação do acordo de 10 de março.
Os recentes confrontos intercomunitários na província de maioria drusa de Sueida (sul da Síria) e os massacres cometidos em março contra a comunidade alauita, da qual o antigo presidente é originário, aumentaram as preocupações curdas, enquanto as negociações com Damasco estagnaram.
A conferência contou ainda com a participação em vídeo de duas figuras religiosas influentes: o líder espiritual druso Hikmat al-Hijri e o clérigo alauita Ghazal Ghazal.
Damasco criticou recentemente Hikmat al-Hijri pelos seus apelos à proteção internacional dos drusos e pelo seu pedido de ajuda a Israel durante a violência de julho.
O Governo não "se sentará à mesa das negociações com nenhuma parte que procure restaurar a era do antigo regime", enfatizou a autoridade, denunciando a presença de "figuras separatistas envolvidas em atos hostis", e descrevendo a conferência de sexta-feira como "uma tentativa de internacionalizar os assuntos sírios" e de incentivar a interferência.
Leia Também: Israel reivindica morte de responsável palestiniano no Líbano