O departamento de comunicação da Junta declarou, em comunicado, que este prolongamento do cessar-fogo se destinava a "facilitar as atividades de reabilitação e de reconstrução nas zonas afetadas pelo terramoto".
A Junta, no poder em Myanmar (antiga Birmânia), tinha anunciado a suspensão dos combates com vários grupos rebeldes, para facilitar a ajuda e a reconstrução na sequência do terramoto de 28 de março, que matou cerca de 3.800 pessoas e deixou dezenas de milhares de desalojados.
Observadores do conflito afirmam que os combates prosseguem, apesar das tréguas, e dizem que a Junta aumentou os ataques aéreos, utilizando aeronaves fornecidas pela Rússia para repelir os rebeldes.
De acordo com as autoridades militares, o prolongamento da trégua deverá também permitir a realização de "eleições gerais democráticas, livres, justas e multipartidárias", refere o comunicado.
Segundo a Junta, as eleições deverão realizar-se em janeiro.
Estas seriam as primeiras eleições neste país devastado pela guerra desde o golpe de Estado de 2021 levado a cabo pelo exército.
Na mesma nota, a Junta avisou que vai retaliar contra qualquer ofensiva dos seus opositores.
Em 25 de maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Malásia, Mohamad Hasan, propôs aos seus homólogos do bloco do Sudeste Asiático (Asean), reunidos numa cimeira em Kuala Lumpur, "alargar e expandir o cessar-fogo para além das áreas atualmente em causa".
O exército birmanês tomou o poder em fevereiro de 2021 com base em alegações infundadas de fraude eleitoral maciça nas eleições de 2020, ganhas, por uma larga margem, pela Liga Nacional para a Democracia, de Aung San Suu Kyi, vencedora do Prémio Nobel.
A Junta lançou então uma repressão sangrenta contra todos os dissidentes e, enquanto os combates assolavam grande parte do país, adiou repetidamente eleições consideradas pelos seus opositores como impossíveis de realizar de forma livre e justa.
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