Intervindo num debate no parlamento italiano, em Roma, sobre a situação na Faixa de Gaza, o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, sustentou que "a população da Faixa de Gaza está a pagar um preço muito elevado há demasiado tempo" e defendeu que "os bombardeamentos devem terminar, a ajuda humanitária deve ser retomada o mais rapidamente possível, o respeito pelo direito humanitário internacional deve ser restabelecido".
"Como recordou o Papa Leão XIV, estão a pagar as crianças, os idosos, os doentes. Estas mortes inocentes ferem os nossos valores e ultrajam as nossas consciências. A reação legítima do governo israelita a um ato terrorista terrível e sem sentido está a assumir formas absolutamente dramáticas e inaceitáveis", declarou.
Tajani voltou a defender a solução de "dois povos, dois Estados", na sua opinião "a única que garante o respeito pela dignidade e pelos direitos de ambas as populações", insistindo que "a única perspetiva possível para a paz, o objetivo inalienável, continua a ser o lançamento de um processo político que conduza à coexistência de dois Estados em paz e segurança".
Nesse sentido, disse querer "reiterar aqui hoje, com a maior clareza, que a expulsão dos palestinianos de Gaza não é e nunca será uma opção aceitável".
"É por isso que apoiamos sem reservas o plano árabe de recuperação e reconstrução da Faixa de Gaza, liderado pelo Egito, que é incompatível com qualquer hipótese de deslocação forçada", reforçou.
O chefe da diplomacia italiana considerou um erro "isolar Israel", apontando que a prioridade do Governo italiano é "uma intensa ação diplomática para reatar os fios do diálogo e pôr termo à catástrofe".
"O diálogo continua a ser o caminho a seguir. Àqueles que gostariam de isolar Israel, por exemplo, convocando o embaixador, gostaria de perguntar diretamente: que solução pacífica e negociada foi alguma vez alcançada sem deixar a porta aberta ao diálogo? É essencial manter todos os canais abertos com as autoridades israelitas, incluindo o do Acordo de Associação com a União Europeia", defendeu.
Segundo Tajani, este acordo de associação, que alguns Estados-membros da UE querem rever, constitui "um formato que se revelou inestimável nos últimos meses, permitindo abordar questões de grande significado político, económico e de segurança de uma forma franca e direta e, na verdade, crítica".
Face às críticas dos partidos da oposição, o ministro sustentou que "aqueles que dizem que o Governo está a ignorar a crise em Gaza estão a ofender a verdade, mas acima de tudo estão a ofender os muitos italianos que, numa ação sistémica coordenada pelo Governo, que não tem igual entre os nossos parceiros, deram um contributo concreto para a população palestiniana".
Entre vários exemplos, apontou a iniciativa «Food for Gaza», graças à qual, disse, Itália entregou mais de 110 toneladas de alimentos, produtos de saúde e bens essenciais à Faixa de Gaza desde março do ano passado.
Mais de 54 mil pessoas foram mortas e 123 mil palestinianos ficaram feridos na ofensiva lançada pelo Exército de Israel contra Gaza após os ataques do Hamas ao território israelita em outubro de 2023, adiantaram na terça-feira as autoridades palestinianas.
A guerra na Faixa de Gaza começou após os ataques do grupo islamita Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023, nos quais foram mortas mais de 1.200 pessoas e cerca de outras 250 foram sequestradas.
Leia Também: Autoridades palestinianas anunciam 16 mortos em ataques israelitas