Numa conferência de imprensa, Wilders -- que prefere geralmente comunicar através das redes sociais -- pediu ao Governo para tomar medidas radicais sobre pedidos de asilo e ameaçou provocar uma crise política na coligação, que o seu partido (Partido da Liberdade, PVV), integra com outros três partidos de direita.
"A nossa paciência esgotou-se. Os eleitores que fizeram do PVV o maior partido têm direito a um Governo. Isto, sem dúvida, deve gerar resultados nos pedidos de asilo e na imigração, que, para o meu partido, são a parte mais importante do acordo de coligação", defendeu Wilders, criticando o atual Governo.
Wilders lembrou ainda ao Governo que os eleitores "elegeram [o PVV] em massa para a mudança", denunciando que o seu partido já tinha feito "concessões suficientes" quando os seus parceiros "não o deixaram ser primeiro-ministro".
"Se nada mudar, ou mudar muito pouco, vamos embora", disse o líder do PVV, ameaçando sair do Governo de coligação.
Wilders apresentou um pacote de 10 medidas, que considerou "razoáveis", sobre "asilo e crime".
"Fechar as fronteiras aos requerentes de asilo e ao reagrupamento familiar; acabar com os centros de asilo, mas fechar os existentes; deportar os sírios com autorizações temporárias; e, se alguém vier para aqui como estrangeiro e causar problemas, deve abandonar o país", resumiu Wilders.
O líder radical quer também suspender a aplicação dos regulamentos de asilo da União Europeia (UE), o recurso ao Exército para reforçar a vigilância das fronteiras e expulsar e revogar a cidadania de cidadãos com dupla nacionalidade que cometam crimes violentos ou sexuais.
O partido de direita radical PVV foi o partido que conquistou mais lugares nas eleições de novembro de 2023, num total de 37 dos 150 lugares no Parlamento dos Países Baixos, mas isso não foi suficiente para governar sozinho.
Após meses de negociações, Wilders chegou a um acordo com outros três partidos de direita --- o liberal VVD, os Democratas Cristãos (NSC) e os Agricultores do BBB --- que incluía a condição de os líderes de todos os quatro grupos, incluindo Wilders, renunciarem à liderança do Governo.
Em julho do ano passado, uma equipa governamental composta por políticos de diferentes partidos assumiu o poder, mas liderada por um funcionário público de carreira sem filiação política, Dick Schoof.
Algumas das pastas mais controversas, como a Migração e o Asilo, ficaram nas mãos da direita radical, que nomeou a ativista anti-imigração Marjolein Faber como ministra.
Em março, Faber apresentou dois projetos de lei para implementar aquilo a que chamou "a política de asilo mais rigorosa da história" e propôs a introdução de um sistema de duplo estatuto, que distingue entre as pessoas que fogem devido a perigo pessoal (pela sua origem, orientação sexual ou religião) e as que fogem de guerras ou desastres naturais.
A estes últimos seria concedido asilo temporário, algo que atualmente não existe.
A outra proposta procura reduzir a duração da residência temporária que os refugiados podem obter, de cinco para três anos.
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