"O secretário de Estado expressou a sua preocupação após a detenção injustificada e arbitrária de um líder da oposição, Juan Pablo Guanipa, e de mais de 70 outras pessoas, como parte de uma nova onda de repressão por parte do Governo" de Nicolas Maduro, afirmou o Departamento de Estado num comunicado.
O ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, informou que mais de 70 pessoas, incluindo estrangeiros, foram detidas nos últimos dias no âmbito de um alegado plano violento para "boicotar" as eleições regionais e legislativas deste domingo, do qual acusou o antigo deputado da oposição Juan Pablo Guanipa, um dos detidos.
Guanipa, que é próximo da líder da oposição María Corina Machado e estava a viver na clandestinidade, "é um dos líderes desta rede terrorista", declarou o ministro do Interior, Diosdado Cabello, num discurso na televisão estatal, alegando que "o plano completo" de subversão está em telemóveis e num computador portátil apreendidos.
O dirigente detido foi membro do parlamento controlado pela oposição, eleito em 2015 e chegou a vice-presidente parlamentar em 2020, sob presidência de Juan Guaidó.
Numa conferência de imprensa transmitida pela estação estatal Venezolana de Televisión (VTV, na sigla espanhola), o ministro disse que entre os detidos estrangeiros se encontravam quatro cidadãos paquistaneses, que estavam num hotel em Caracas, e um albanês com nacionalidade colombiana, que, segundo ele, é um "traficante de droga de topo", crime pelo qual é procurado "na Europa".
O ministro do Interior anunciou também a detenção de outras pessoas alegadamente ligadas à "conspiração", incluindo estrangeiros, e mostrou imagens de Guanipa algemado, com um colete à prova de bala, escoltado por polícias vestidos de preto e encapuzados.
Pouco depois, uma mensagem foi publicada na conta X de Juan Pablo Guanipa: "Se estão a ler isto, significa que fui raptado pelas forças do regime de Nicolas Maduro".
"Não sei o que me vai acontecer nas próximas horas, dias e semanas. Mas estou certo de que venceremos a longa luta contra a ditadura", continua a mensagem.
María Corina Machado disse que além de Guanipa foram detidos "dirigentes políticos e sociais, defensores dos direitos humanos, jornalistas e ativistas", num "terrorismo de Estado puro e simples".
O governo venezuelano denuncia regularmente conspirações ou ataques contra si, acusando frequentemente os Estados Unidos ou a oposição.
As eleições de domingo na Venezuela estão a ser boicotadas por uma grande parte da oposição, que acusa Nicolas Maduro de fraude na sequência das eleições presidenciais de julho de 2024, que o reconduziram para um terceiro mandato.
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