Ajuda em Gaza "nem sequer chega perto de cobrir as necessidades"

O porta-voz do secretário-geral da ONU alertou hoje que ajuda humanitária autorizada por Israel na Faixa de Gaza nos últimos dias "nem sequer chega perto de cobrir a escala e o volume das necessidades".

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© Kay Nietfeld/picture alliance via Getty Images

Lusa
22/05/2025 20:50 ‧ há 3 horas por Lusa

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O porta-voz de António Guterres referia-se a menos de cem camiões que entraram na quarta-feira no enclave palestiniano, ao fim de mais de dois meses de bloqueio, mas que são insuficientes para fazer face ao risco de fome de mais de dois milhões de habitantes.

 

Apesar do abastecimento de farinha de trigo e de outros bens, que permitiu hoje a reabertura de "algumas padarias", segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), Stéphane Dujarric observou que não entram no território alimentos frescos, produtos de higiene, de purificação de água e combustível para hospitais há 80 dias.

Desde que anunciou no domingo a autorização de ajuda, Israel indicou que cerca de 200 camiões entraram até quarta-feira no território, embora a ONU indique que apenas 90 conseguiram partir da passagem fronteiriça de Kerem Shalom.

Até ao início da tarde de hoje, mais nenhum camião saiu de Kerem Shalom para a Faixa de Gaza, informou Stéphane Dujarric.

O porta-voz de Guterres referiu-se também a um "pequeno número" dos cerca de 90 camiões da ONU intercetado por residentes ameaçados pela fome.

"Um pequeno número de camiões que transportavam farinha foi intercetado pelos habitantes locais e a sua carga foi removida", descreveu Stéphane Dujarric.

"Tanto quanto sei, este não foi um ato criminoso envolvendo homens armados. Foi o que por vezes descrevi como autodistribuição, o que reflete o elevado nível de ansiedade entre os residentes de Gaza que não sabem quando ocorrerá a próxima entrega de ajuda humanitária", esclareceu.

O porta-voz de Guterres lamentou ainda aos longos procedimentos impostos pelos militares israelitas, que exigem que os trabalhadores humanitários viajem por uma zona militarizada.

"Isto significa que as nossas equipas têm de esperar muitas horas para que as atividades militares terminem para a sua própria segurança e para obter permissão das autoridades israelitas para continuar", descreveu.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse ser preciso "evitar uma crise humanitária" para manter "a liberdade operacional de ação" do Exército e conter a vaga de condenação internacional que tem sido ouvida nos últimos dias.

Segundo Stéphane Dujarric, Israel ainda não concordou com um mecanismo regular de entrada humanitária que possa garantir um fluxo constante, observando que tudo é negociado diariamente.

O PAM também avisou hoje que "as famílias ainda enfrentam um elevado risco de fome e é necessária muito mais ajuda" em toda a Faixa de Gaza.

"Estamos numa corrida contra o tempo para evitar que as pessoas morram de fome", alertou Antoine Renard, responsável da agência para a Palestina, descrendo "uma população desesperada".

O atual fluxo de ajuda, prosseguiu, é "apenas uma gota no oceano" do que seria necessário para evitar os atuais "níveis catastróficos" de insegurança alimentar.

No fim de semana, Israel iniciou uma nova operação terrestre e aérea no território, após vários dias consecutivos de bombardeamentos que provocaram centenas de mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo movimento islamita palestiniano Hamas.

O conflito foi desencadeado pelos ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 53 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: Já há "algumas padarias" abertas em Gaza, mas persiste "risco de fome"

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