RDCongo: Denis Mukwege denuncia impunidade e violações "como arma de guerra"

O prémio Nobel da Paz e ginecologista Denis Mukwege pintou hoje um retrato "de impunidade" na República Democrática do Congo com a utilização da violência sexual "como arma de guerra", pedindo uma intervenção real para acabar com o conflito.

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Lusa
07/05/2025 11:02 ‧ ontem por Lusa

Mundo

RDCongo

"A violência sexual é utilizada como arma de guerra na República Democrática do Congo [...], 30% a 35% das violações são contra crianças e se já é inaceitável qualquer tipo de violência, atacar crianças é ir além de quaisquer linhas vermelhas imagináveis", disse Denis Mukwege, médico ginecologista que trabalha em particular com vítimas de abusos sexuais, perante um grupo de eurodeputados, em Estrasburgo, França.

 

O laureado com o Nobel da Paz em 2018 denunciou um clima "de impunidade" na República Democrática do Congo, consequência de um conflito de décadas que está a assolar o país e que "deixou sem teto o equivalente à população da Bélgica".

"Olha para as vítimas... E hoje, os violadores, por causa da impunidade, não se importam de gravar os crimes, colocando-os nas redes sociais", sustentou Denis Mukwege.

"Imaginem as mulheres, as mães, as esposas, que têm de ver os seus crimes expostos nas redes sociais, isso ainda as destrói mais! Houve várias tentativas de resolver isto, mas não passam de tentativas enquanto continuar lá a semente do conflito", completou.

O medico ginecologista que opera naquele país e que criou uma hospital e uma fundação para apoiar vítimas de violência sexual, particularmente em cenários de conflito, pediu uma intervenção da União Europeia que seja concreta.

"Infelizmente, a União Europeia não está na mesa das negociações se devíamos torná-lo possível, nomeadamente quando chegar o momento de deixar os refugiados regressarem a casa", advogou.

O conflito no leste da RDCongo agravou-se no final de janeiro, quando os rebeldes do movimento 23 de Março (M23) se apoderaram de Goma e Bukavu, capital do Kivu do Sul, ambas na fronteira com o Ruanda e ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.

Desde a intensificação da ofensiva do M23, cerca de 1,2 milhões de pessoas foram deslocadas nestas duas províncias, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Além disso, os confrontos que eclodiram em Goma e nos arredores fizeram mais de 8.500 mortos em janeiro, segundo o ministro da Saúde Pública democrático congolês democrático, Samuel Roger Kamba, no final de fevereiro.

A atividade armada do M23, um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994, recomeçou no Kivu do Norte em novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra o exército governamental.

O leste da RDCongo está mergulhado em conflitos desde 1998, alimentados por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).

Leia Também: RDCongo. Ruanda diz que acordo de paz será assinado em junho nos EUA

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