O secretário dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri, transmitiu esta informação durante uma conferência de imprensa, na qual não foram permitidas perguntas.
Misri afirmou que, apesar de a Índia ter fornecido informações ao Paquistão e de esperar que fossem tomadas medidas contra os terroristas, houve um atraso significativo e não foram tomadas medidas concretas.
"Apesar de terem passado duas semanas desde os ataques, não há provas de que o Paquistão tenha tomado medidas contra as infraestruturas terroristas no seu território ou sob o seu controlo", afirmou.
Em declarações aos meios de comunicação social, Misri sublinhou que o ataque de 22 de abril - na região turística de Pahalgam, na Caxemira indiana -, que visou civis e foi atribuído à organização Lashkar-e-Taiba, exigia ações imediatas contra os autores e apoiantes.
Os serviços secretos indianos preveem, ainda de acordo com Misri, novos ataques contra a Índia por parte de células terroristas com base no Paquistão, o que criou uma "obrigação tanto de dissuadir como de prevenir".
Neste contexto, a Índia exerceu o direito de resposta, afirmou Misri, sublinhando que as ações foram "proporcionais e responsáveis", centradas no desmantelamento das infraestruturas terroristas e na neutralização dos terroristas que tentam atravessar a fronteira.
O secretário para os Negócios Estrangeiros reiterou que a resposta da Índia deve ser vista à luz de uma recente declaração do Conselho de Segurança da ONU sobre o ataque de Pahalgam, que sublinhou a necessidade de punir os responsáveis.
Entretanto, o Comité de Segurança Nacional do Paquistão vai reunir-se hoje, anunciou o gabinete do primeiro-ministro do país.
Após o encontro dos mais altos responsáveis civis e militares do Paquistão, convocado apenas em casos de extrema urgência, o chefe do Governo, Shehbaz Sharif, vai dirigir-se à nação, acrescentou o gabinete.
Pelo menos 26 paquistaneses e oito indianos morreram hoje, na sequência de bombardeamentos levados a cabo por Islamabade e Nova Deli, numa escalada da violência entre as duas potências nucleares que disputam a região de Caxemira.
Depois de homens armados matarem, no ataque de 22 de abril, 26 pessoas na Caxemira indiana, a tensão aumentou entre os países vizinhos, rivais desde que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947.
Os dois exércitos trocaram tiros de artilharia ao longo da fronteira disputada na região de Caxemira, algumas horas depois da ofensiva aérea indiana contra território paquistanês, em retaliação pelo ataque mortal em Pahalgam.
Os mísseis indianos que atingiram seis cidades da Caxemira e do Punjab paquistaneses e as trocas de tiros em Caxemira mataram pelo menos 26 civis, incluindo duas meninas de 3 anos e um menino de 5 anos, de acordo com o porta-voz do exército paquistanês, general Ahmed Chaudhry, que deu conta ainda de 46 feridos.
A Índia registou oito mortos e 29 feridos na aldeia de Poonch (noroeste), na Caxemira indiana, na sequência de fogo de artilharia.
A batalha, que começou durante a noite, prosseguiu durante a manhã nos arredores da aldeia, alvo de numerosos projéteis paquistaneses, informaram jornalistas da agência de notícias France-Presse.
Foram também ouvidas explosões violentas ao início da noite nos arredores de Srinagar, a principal cidade da parte indiana de Caxemira.
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