"Disse [ao ministro dos Negócios Estrangeiros israelita Gideon Saar] que a situação humanitária em Gaza é insustentável", afirmou Kallas no X, relatando a conversa telefónica entre ambos.
"A ajuda humanitária deve ser retomada imediatamente e nunca deve ser politizada. O novo mecanismo de prestação de ajuda deve ser executado através de agentes humanitários", adiantou.
No início de março, Israel suspendeu a entrada de ajuda em Gaza, uma proibição que continua em vigor e que mergulhou o território de 2,3 milhões de pessoas na pior crise humanitária da guerra.
Israel controla cerca de metade do território de Gaza, incluindo uma zona ao longo da fronteira com Israel, e três corredores que se estendem de leste a oeste ao longo da faixa.
Este cenário faz concentrar muitos palestinianos a faixas de terra cada vez mais pequenas no devastado território.
A 18 de março, Israel retomou os ataques no território, e morreram mais de 2.600 pessoas nas semanas seguintes, muitas delas mulheres e crianças, de acordo com autoridades de saúde locais.
Israel tem vindo a aumentar a pressão sobre o grupo militante Hamas, incentivando a demonstrar mais flexibilidade nas negociações.
Um alto funcionário do Hamas disse hoje que o grupo palestiniano considera inúteis, nesta fase, as negociações para uma trégua em Gaza, e apelou ao mundo para pressionar Israel a pôr fim à "guerra da fome" no enclave.
"Não vale a pena iniciar negociações ou examinar novas propostas de cessar-fogo enquanto a guerra da fome e a guerra de extermínio na Faixa de Gaza continuarem", declarou à agência France-Presse (AFP) Bassem Naïm, membro do gabinete político do Hamas.
As declarações surgem um dia depois de o Governo israelita ter anunciado uma nova campanha militar na Faixa de Gaza, que prevê a conquista do território.
O plano, executado de forma gradual, marcará uma escalada significativa nos combates em Gaza, retomados em meados de março, depois de Israel e o Hamas não terem conseguido chegar a acordo sobre a possível extensão da trégua de oito semanas.
O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, de extrema-direita, afirmou hoje que a Faixa de Gaza será "totalmente destruída" após a guerra em curso entre Israel e o movimento islâmico palestiniano Hamas.
Questionado sobre a sua visão para a Gaza do pós-guerra numa conferência de imprensa no colonato israelita de Ofra, na Cisjordânia ocupada, Smotrich argumentou que a população do enclave, depois de ser obrigada a deslocar-se para o sul, começará a "sair em grande número para países terceiros".
Smotrich argumentou que a população da Faixa de Gaza será "expulsa" numa "questão de meses", à medida que o exército israelita for implementando o novo plano para o enclave palestiniano, que inclui a expansão das operações militares para "conquistar" o território.
"A vitória de Israel significa a destruição total do território", afirmou durante um comício no colonato ilegal de Ofra, situado a norte de Jerusalém.
Smotrich defendeu que a população de Gaza terá de ir para sul, para "uma zona estabelecida onde o Hamas e o terrorismo não estejam presentes".
"A partir do sul, seguirão um corredor humanitário e começarão a partir em massa para outros países", disse, de acordo com o Canal 7.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel a 07 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.218 pessoas do lado israelita, na maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas raptadas, 58 continuam detidas em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita. O Hamas mantém também os restos mortais de um soldado israelita morto durante uma guerra anterior em Gaza, em 2014.
A campanha de retaliação israelita fez pelo menos 52.567 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
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