Romenos escolhem presidente em 2.ª volta: Será eurocético ou europeísta

Os romenos vão ter de escolher, na segunda volta das eleições presidenciais, em 18 de maio, dois candidatos com perfis opostos, um eurocético e o outro pró-europeu.

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© Alex Nicodim/Anadolu via Getty Images

Lusa
04/05/2025 23:58 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Roménia

As sondagens indicavam-no como favorito e o resultado confirmou-se: George Simion, líder do partido de extrema-direita Aliança para a União dos Romenos (AUR, segunda maior força política no parlamento), venceu a primeira volta realizada este domingo, com 40,5% dos votos, quando estavam apurados 99,15% dos votos.

 

Com 38 anos, apresentou-se a estas eleições como o "herdeiro político" do populista Calin Georgescu, vencedor inesperado do escrutínio realizado em 24 de novembro e anulado pelo Tribunal Constitucional por suspeita de interferência russa.

Simion, que nessa votação ficou em quarto lugar, com 14% dos votos, denunciou a anulação e o consequente impedimento de Georgescu de concorrer como um "golpe de Estado". Se for eleito, promete nomear o antigo candidato como primeiro-ministro -- apesar de não ter maioria no parlamento para tal.

A sua candidatura, com o slogan "Respeito", apela ao voto "patriótico" -- Simion recusa o rótulo da extrema-direita e afirma-se "soberanista".

Defende a ideia de reconstruir uma Roménia maior, agitando eventuais disputas territoriais com a Ucrânia, Moldova e Bulgária. Foi declarado 'persona non grata' pelas autoridades de Kiev e Chisinau, estando impedido de entrar nestes dois países vizinhos.

Apesar de negar ser pró-Rússia, defende o fim do apoio militar a Kiev -- a Roménia alberga uma importante missão da NATO no flanco leste da Aliança, face à ameaça russa. Propõe o reforço da NATO, mas sob liderança norte-americana.

Eurocético, critica os "burocratas não eleitos de Bruxelas" e alinha-se com líderes como os chefes dos governos italiano, Giorgia Meloni, da Hungria, Viktor Orbán, ou da Eslováquia, Robert Fico.

Admirador do Presidente dos Estados Unidos, usa frequentemente bonés com a inscrição 'MAGA' (o slogan de Donald Trump "Make America Great Again", "Tornar a América Grande Outra Vez").

Formado em administração de empresas, era adepto de futebol e formou grupos 'ultra' acusados de xenofobia e racismo.

Fundou a AUR em 2019 e conquistou assentos parlamentares no ano seguinte. Nas eleições legislativas de dezembro, ficou em segundo lugar e tornou-se líder da oposição.

Simion disputa, no dia 18, a segunda volta com um adversário em tudo o oposto: o autarca Nicusor Dan, 55 anos, que concorreu como independente com o lema "Roménia Honesta".

Pró-União Europeia, considera que manter o apoio à Ucrânia é essencial para a segurança da Roménia. É considerado crítico da Rússia, embora também haja vozes que o acusam de ter aceitado o financiamento das suas campanhas por um empresário com opiniões pró-Moscovo.

Antigo ativista anti-corrupção, ganhou popularidade entre as classes média e baixa por se opor aos que apelida de "tubarões" do setor imobiliário.

Goza de um voto mais urbano -- vai no segundo mandato como autarca de Bucareste -- e das classes mais altas, mas tem menos alcance junto das populações rurais.

Doutorado em Matemática, fundou em 2015 a União Salvar Bucareste, que evoluiu para a União Salvar a Roménia (USR), com a qual entrou no parlamento em 2016.

No ano seguinte deixaria a USR, devido a divergências em relação à família tradicional, mas conquistou a câmara da capital em 2020 com o apoio do conservador PNL, tendo sido reeleito em 2024 com o apoio de vários partidos.

Tem fama de ter relações tensas com a imprensa e outros políticos, incluindo autarcas, o que lhe tem valido críticas.

As eleições presidenciais na Roménia, um país com 19 milhões de pessoas, têm sido seguidas com atenção pela comunidade internacional, em particular pela NATO (de que faz parte desde 2004) e pela União Europeia (que integrou em 2007).

A Roménia é um regime semipresidencialista, em que o chefe de Estado tem poderes de condução da política externa - por exemplo, é o Presidente que tem assento no Conselho Europeu -, pelo que a possibilidade de um líder eurocético neste país tem causado apreensão em Bruxelas.

O país está mergulhado numa crise económica, com uma inflação a rondar os 5% e o maior défice da União Europeia em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), na ordem dos 8,5%. Antigo regime comunista até 1989, a Roménia ainda mantém profundas desigualdades sociais e económicas.

No final do ano passado, agravou-se a crise política, após a anulação da primeira volta das presidenciais, numa decisão inédita do Tribunal Constitucional, que foi contestada internamente, mas também a nível internacional, nomeadamente pela administração norte-americana de Donald Trump.

 

JH // SCA

Lusa/Fim

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