"A Comissão do Gabinete para os Assuntos Políticos, presidida pelo primeiro-ministro, Narendra Modi, decidiu incluir a indicação das castas no próximo recenseamento. Isto demonstra o compromisso do atual Governo com os interesses e valores holísticos da nação e da sociedade", declarou o executivo indiano num comunicado.
O sistema de castas da Índia é uma hierarquia social complexa que tradicionalmente dividia a sociedade em grupos, com base no nascimento e na atividade profissional da família. Embora tal tenha sido proibido na Índia independente, os seus efeitos sociais persistem, contribuindo para o aprofundamento da desigualdade.
"Embora alguns Estados tenham realizado inquéritos de opinião sobre a indicação das castas, estes têm variado em termos de transparência e intenção, e alguns foram realizados de uma perspetiva puramente política, desencadeando dúvidas na sociedade", acrescentou o Governo indiano no comunicado.
O executivo indiano, liderado pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP), acredita que o sistema de indicação de castas garantirá que o tecido social da Índia não seja submetido a pressões políticas.
O sistema de castas hindu, assente em textos antigos, colocou historicamente grupos como sacerdotes e académicos no topo da pirâmide social, classificando outros em função das suas ocupações tradicionais, e aqueles historicamente fora do sistema, conhecidos como "intocáveis" (ou 'dalits'), no fundo, alvo de uma discriminação significativa.
Segundo o censo de 2011, que identificou e quantificou os "intocáveis", estes constituíam 16,2% da população da Índia. Este novo censo tem como objetivo fornecer informação integral sobre a demografia de todas as castas na Índia.
A Índia não contabiliza oficialmente a sua população total desde 2011, ano em que ultrapassou 1,2 mil milhões de habitantes. As atuais estimativas apontam para mais de 1,45 mil milhões, pelo que o próximo recenseamento deverá confirmar oficialmente a Índia como o país mais populoso do mundo, ultrapassando a China.
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