"Já afirmei várias vezes que daremos uma resposta abrangente ao que foi anunciado sobre o aço e o alumínio, ao que foi anunciado sobre os automóveis e ao que será anunciado em 02 de abril somente depois desta data, porque não queremos dar uma resposta a cada tema" que vai surgindo, explicou Claudia Sheinbaum durante uma conferência de imprensa.
O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na quarta-feira que vai impor tarifas de 25% sobre todos os veículos e peças automóveis importados para os Estados Unidos a partir de 02 de abril - embora as peças do México e do Canadá estejam isentas por enquanto - e os carros montados nesses países pagarão a tarifa apenas sobre as peças não proveniente dos Estados Unidos.
A líder mexicana indicou que revelará a sua resposta às políticas de Trump depois de 02 de abril, data que Trump classificou de "Dia da Liberdade dos EUA" porque imporá tarifas recíprocas a todos os países que cobram impostos comerciais ao seu país.
A presidente mexicana argumentou que "é claro" que no Acordo Comercial Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) "não deve haver tarifas".
"Esta é a essência do acordo comercial", salientou.
"Ainda há espaços para o diálogo, a colaboração e a negociação, como temos tido. Quero também dizer que somos o único país que tem este nível de comunicação com o Governo dos Estados Unidos, particularmente com o secretário do Comércio", Howard Lutnick, sublinhou a chefe de Estado mexicana.
As medidas anunciadas na quarta-feira por Trump ameaçam a maior indústria do México, a indústria automóvel, que representa quase 4% do produto interno bruto (PIB) do país e 20,5% do PIB industrial, mais do que qualquer outro setor, de acordo com a Associação Mexicana da Indústria Automóvel (AMIA).
O México exporta quase três milhões de veículos para os Estados Unidos e fornece 40% de todas as peças automóveis utilizadas naquele país, afirmou o ministro da Economia mexicano, Marcelo Ebrard, que se encontra em Washington para negociações.
"O principal objetivo da Presidente Sheinbaum é o de proteger os empregos, os rendimentos e as nossas atividades económicas no México. A indústria automóvel e a indústria de peças automóveis são muito importantes", afirmou Ebrard.
O setor automóvel "está num impasse" com as tarifas porque "enfrenta um risco, uma mudança no seu modelo operacional", reconheceu na quarta-feira Rogelio Garza, presidente da AMIA.
Sheinbaum insistiu que a ordem executiva de Trump sobre veículos inclui "cláusulas especiais" para os seus parceiros do USMCA.
Ebrard sublinhou que pretende obter um "tratamento preferencial" para o México nos seus seis encontros com o secretário Lutnick e nos seus encontros com Jamieson Greer, chefe do Gabinete do Representante do Comércio dos Estados Unidos (USTR, em inglês).
"[Isto] é para atingir um objetivo, que a Presidente Sheinbaum enfatizou de forma importante para nós: se vão mudar o sistema, se vamos ter um sistema de tarifas tão elevadas, o que temos de procurar é um tratamento preferencial para o México, para que tenhamos a oportunidade de proteger os nossos empregos", afirmou Ebrard.
Atualmente, o México enfrenta tarifas dos EUA de 25% sobre o aço e o alumínio, bem como outros produtos fora do USMCA, e a incerteza motivou previsões de recessão de organizações como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
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