No acontecimento mais marcante este ano no território, Sam Hou Fai, ex-presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau, foi eleito em outubro para suceder a Ho Iat Seng.
Em agosto e de forma algo inesperada, o chefe do Executivo cessante anunciou que não se ia candidatar a um segundo mandato por questões de saúde.
Ho, no cargo desde 20 de dezembro de 2019, foi o primeiro líder da região a não cumprir um segundo mandato, depois de Edmundo Ho (1999-2009) e Fernando Chui Sai-on (2009-2019).
Sam Hou Fai é o primeiro líder de Macau a falar português e também o primeiro que não nasceu no território. Esteve à frente do TUI desde 1999, ano em que a administração de Macau foi transferida de Portugal para a China, até ter anunciado a renúncia ao cargo, em agosto, para apresentar a candidatura a chefe do Executivo.
Candidato único, o ex-presidente do TUI foi eleito a 13 de outubro por um colégio eleitoral de 400 membros, provenientes de quatro setores da sociedade local, como estabelecido pela Lei Básica, e nomeado por Pequim para um mandato de cinco anos.
Sam Hou Fai apresentou uma equipa governativa que aposta no empreendedorismo e na inovação para o "desenvolvimento a longo prazo", reafirmando que todos são "patrióticos e amam Macau".
Para o desenvolvimento a longo prazo do território, apontou a necessidade de aperfeiçoar e elevar continuamente o bem-estar das pessoas, promover a diversificação adequada da economia, o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, elevar a capacidade de governação e garantir a segurança nacional.
"Vamos criar condições para gradualmente promover os respetivos trabalhos em prol do desenvolvimento económico, inclusivamente o posicionamento atribuído pelo país 'um centro, uma plataforma e uma base'. Temos de potenciar essas vantagens para maximizar as oportunidades", tinha avançado quando regressou de Pequim, no início de novembro, onde se deslocou depois de eleito para receber a nomeação do Governo central.
Além da eleição do novo chefe do Executivo, este ano foi também o do regresso das receitas dos casinos aos valores pré-pandemia da covid-19, mas a diversificação económica de Macau, profundamente dependente do jogo, mantém-se a prioridade do novo Governo.
Em novembro, as receitas do jogo em Macau caíram 11,3%, face ao mês anterior, mas subiram 14,9% em termos anuais.
Os casinos arrecadaram 18,438 mil milhões de patacas (cerca de 2,17 mil milhões de euros) no mês passado, mas o valor de outubro foi o mais alto desde janeiro de 2020, quando os casinos registaram 22,13 mil milhões de patacas (cerca de 2,61 mil milhões de euros) em receita bruta.
Desde final de janeiro de 2020 que a pandemia da covid-19 teve um impacto sem precedentes no setor dos casinos e consequentemente na economia de Macau, uma vez que os impostos sobre as receitas desta indústria financiam a maioria do orçamento governamental.
Em termos de receita bruta acumulada, os primeiros 11 meses deste ano registaram um aumento de 26,8% em relação ao ano anterior.
Macau fechou o ano passado com receitas totais de 183,059 mil milhões de patacas (cerca de 21,59 mil milhões de euros), quatro vezes mais do que em 2022.
Único local na China onde o jogo em casino é legal, em Macau operam seis concessionárias, cujo contrato de concessão para os próximos dez anos entrou em vigor a 01 de janeiro de 2023.
O mandato de Ho Iat Seng termina em 19 de dezembro, estando prevista a posse do novo líder em 20 de dezembro, dia em que se assinala o 25.º aniversário da constituição da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), na sequência da transferência da administração de Portugal para a China.
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