2025: Incógnitas quando Moçambique celebra 50 anos de independência

O novo ano em Moçambique será ainda marcado pelo caos que resultou das manifestações contra resultados das eleições gerais, num clima de tensão que ensombra o país celebra meio século de independência.

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Lusa
10/12/2024 10:26 ‧ 10/12/2024 por Lusa

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Moçambique

À saída das sétimas eleições gerais, o cenário para o próximo ano em Moçambique é sobretudo de incógnita, com as ruas ainda marcadas pelo caos que dominou o país desde outubro, quando Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou resultados que atribuíram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição presidencial, com 70,67% dos votos.

 

Numa das maiores contestações aos resultados que o país assistiu desde as primeiras eleições, em 1994, o candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou uma série de "manifestações pacíficas", que culminaram com confrontos entre a polícia e os manifestantes em todo país, com mais de 100 mortos e cerca de 350 feridos.

Num ambiente ainda tenso, com manifestações em diferentes partes, politicamente os olhos agora estão todos na decisão do Conselho Constitucional, última instância de recurso em contenciosos eleitorais e que prevê tomar uma decisão sobre os resultados em finais deste mês, deixando o ano seguinte suspenso.

"Vai de certeza ser um ano desafiante, independentemente de quem vai governar. As sequelas de tudo o que está a acontecer politicamente poderão fazer-se sentir nos próximos tempos", alerta o analista político Wilker Dias, em declarações à Lusa.

Liderados por Mondlane, os manifestantes, na maioria jovens, prometem "ir até ao fim", adicionando à contestação problemas sociopolíticos como desemprego, numa altura em que as estatísticas indicam que, no universo de 32 milhões de moçambicanos, cerca de 9,4 milhões são jovens, um terço dos quais sem emprego, escolaridade ou formação profissional.

Para Wilker Dias, o envolvimento até de diferentes classes profissionais, entre médicos e professores, tornou a contestação mais ampla e delicada, revelando que a situação é ainda mais "complexa" do que se pensava.

"A pessoa que for governar vai ter de, primeiro, tentar corrigir aquelas que são as principais reclamações que o povo atualmente está a apresentar e que até evoca ao nível das manifestações", acrescentou o analista.

O chefe de Estado moçambicano manifestou a intenção de dialogar com Mondlane, que está fora de Moçambique "por segurança", e este, por sua vez, também disse estar aberto, propondo que o encontro seja virtual e reivindicando a anulação dos processos que o Ministério Público moveu contra si, responsabilizando-o pelos protestos.

Além da tensão pós-eleitoral, o terrorismo em Cabo Delgado continua um desafio, com o executivo moçambicano à espera da retoma do megaprojeto de gás natural da multinacional francesa TotalEnergies naquela província.

Em outubro, o presidente da empresa assegurou que quase 80% dos 14 mil milhões de dólares (13,26 mil milhões de euros) necessários estão garantidos, reconhecendo "progressos" no terreno.

A TotalEnergies, líder do consórcio da Área 1, tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, em Afungi, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas.

No terreno, a situação registou melhorias desde a chegada do apoio ruandês, mas continuam relatos de alguns casos novos, sendo de destacar, neste ano, uma nova vaga de ataques, em fevereiro, em direção ao sul, sobretudo no distrito de Chiúre.

Mais de 67 mil pessoas fugiram das suas terras de origem e as incursões foram justificadas pelo executivo como resultado da "movimentação de pequenos grupos de terroristas" que saíram dos seus quartéis (...) em direção ao sul de Cabo Delgado, após um período de relativa estabilidade.

"Não conseguem facilmente fazer recrutamento nesta província, por muitas razões, a consciência e não só, então querem ver se furam para trazer mais outros jovens para aqui", disse o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, em fevereiro, reiterando que a situação está sob controlo.

Apesar da visão otimista de quem governa, para Moçambique, 2025 começa, uma vez mais, marcado por incógnitas, num ano em que o país celebra 50 anos de independência, em 25 de junho.

Leia Também: 2024: Manifestações e gás lacrimogéneo nas ruas marcam ano em Moçambique

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