Em 2024, Luiz Inácio Lula a Silva procurou protagonismo internacional do Brasil através da presidência do grupo do G20, com temas globais, mas também mais genéricos, como a inclusão social, combate à fome, transição energética e reforma das instituições globais, mais precisamente na defesa de assentos no Conselho de Segurança das Nações Unidas a países do chamado sul global.
Agora, sob a presidência anual brasileira, sucedendo à Rússia, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e agora Egito, Etiópia, Irão e Emirados Árabes Unidos) deverão ter como prioridade em 2025 a expansão do comércio entre o bloco, aumentar o diálogo com novos parceiros e explorando o alargamento recente daquele grupo, mas também a introdução de moedas locais e a forma a reduzir a dependência do dólar.
Em relação à possibilidade de utilização destas moedas, uma ideia já levantada este ano por Lula da Silva, o futuro Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os chamados países BRICS serão punidos com uma tarifa de 100% se tomarem medidas para minar o domínio do dólar no sistema financeiro mundial.
Segundo a imprensa brasileira, que cita fontes do Governo, o objetivo do Brasil é concentrar os principais tópicos em agenda do bloco no primeiro semestre de ano, para na segunda metade se focar nas alterações climáticas, um tema no qual o Brasil pode ser verdadeiramente protagonista globalmente e não potencialmente divisório como no caso dos BRICS.
O Brasil acolhe a Cimeira do Clima de 2025, em novembro, na cidade de Belém, no coração da Amazónia, dez anos após o Acordo de Paris, numa altura em que os impactos da crise climática são cada vez mais visíveis, generalizados e prejudiciais.
A maior floresta tropical do mundo é um exemplo disso mesmo: Este ano sofreu a pior seca das últimas décadas com centenas de incêndios florestais.
Embora a desflorestação tenha abrandado, o Governo de Lula da Silva continua a enfrentar enormes desafios na conservação das suas florestas.
"Fazer da COP30, no território simbólico da Amazónia, o momento da vida para restaurar tudo aquilo que parece que estamos perdendo a cada situação extrema que estamos enfrentando, é um dos maiores desafios que temos pela frente", frisou a ministra do Ambiente do Brasil, Marina Silva, durante a reunião plenária de encerramento da COP29, que aconteceu em Baku, capital do Azerbaijão.
Na relação com Portugal, o epicentro está marcado logo para fevereiro, com a capital brasileira, Brasília, a acolher a cimeira luso-brasileira, que deverá contar com a presença do primeiro-ministro, Luis Montenegro, do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e de vários membros do Governo português.
O cenário político interno permanece tenso e polarizado, ainda no rescaldo das eleições presidenciais de 2022, com a sociedade profundamente dividida, com o Governo de Lula da Silva a procurar equilibrar o crescimento económico, o controlo do défice (que atualmente está próximo de 10% do produto interno bruto) e os apoios sociais, enquanto enfrenta uma dura oposição por parte da direita brasileira, que é maioritária no Congresso.
Paralelamente, a Polícia Federal brasileira concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro "planeou, atuou e teve o domínio de forma direta" na alegada tentativa do golpe de Estado de 08 de janeiro de 2023 e sabia do plano para matar Lula da Silva, num relatório que está a ser analisado pelo Ministério Público, que decidirá se existem provas suficientes para acusar o ex-chefe de Estado brasileiro e os demais envolvidos perante o Supremo Tribunal Federal.
A acrescentar a este cenário e a outros processos como a falsificação do boletim de vacinas e um caso de alegada corrupção com joias oferecidas à presidência, Jair Bolsonaro está impedido pelo Tribunal eleitoral de se candidatar a cargos públicos por espalhar notícias falsas para atacar o sistema eletrónico de votação durante as eleições de 2022.
Dessa forma, ao longo de 2025 deverão existir avanços sobre o nome mais bem colocado na direita brasileira para derrotar Lula da Silva em 2026 como Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, Romeu Zema, de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás, nomes que podem receber o apoio da direita mais moderada do Brasil.
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