"Não temos outra solução, se cancelarmos o acordo de associação com Israel, quem será o nosso interlocutor? Com quem resolvemos a solução dos dois Estados?", questionou a croata, que ambiciona tornar-se comissária europeia na equipa do segundo mandato de Ursula von der Leyen.
Em resposta às perguntas de Pernando Barrena, eurodeputado do partido EH Bildu (esquerda independentista do País Basco), durante a audição no Parlamento Europeu à candidata à comissária, Suica indicou que seria difícil para a UE continuar a manter relações com Israel caso decida anular o acordo de associação.
"Não sei como é que vamos continuar", afirmou.
A Espanha e a Irlanda já pediram há meses uma avaliação do Conselho de Associação para determinar se Israel está a cumprir as suas obrigações em matéria de direitos humanos na sua campanha militar na Faixa de Gaza e no Líbano, em resposta aos ataques do grupo islamita palestiniano Hamas e do movimento xiita libanês Hezbollah.
A candidata esclareceu ainda que não cabe à Comissão Europeia avaliar o acordo de associação com Israel, mas que este deve ser aprovado por unanimidade pelos Estados-membros do bloco comunitário.
"Precisamos de parceiros. No Líbano, na Palestina e é isto que fazemos, não há mais nada que possamos fazer", disse a representante sobre a resposta de Bruxelas à crise na região do Médio Oriente.
A anulação do acordo de associação com Israel surgiu como retaliação pela ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza e o Líbano, que já fez mais de 43 mil mortos e mais de 100 mil feridos desde o início da ofensiva israelita contra o grupo islamita palestiniano Hamas, há mais de um ano, segundo o mais recente relatório do Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo Hamas.
O conflito iniciou-se depois do Hamas ter lançado um ataque sem precedentes a Israel em outubro de 2023, matando mais de 1.200 pessoas e raptando outras 250, segundo as autoridades israelitas.
As audições no Parlamento Europeu aos candidatos a comissários designados por cada Estado-membro do bloco comunitário arrancaram na segunda-feira e irão prolongar-se até 12 de novembro.
A audição da comissária indigitada por Portugal e com a pasta atribuída dos Serviços Financeiros e União de Poupança e Investimento, Maria Luís Albuquerque, está marcada para quarta-feira de manhã.
As audições aos 20 candidatos a comissários designados por cada Estado-membro é a penúltima parte do processo de constituição da próxima Comissão Europeia.
O colégio de comissários liderado por Ursula von der Leyen para o próximo mandato vai ser votado na sessão plenária na sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, França, de 25 a 28 de novembro.
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