JD Vance recusa responder se Trump separaria crianças migrantes dos pais
O candidato republicano à vice-presidência dos EUA recusou responder se um segundo Governo de Donald Trump separaria crianças migrantes dos pais, uma política que o ex-presidente colocou em prática sob enormes críticas.
© Lusa
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Na terça-feira, naquele que é o primeiro (e possivelmente único) debate vice-presidencial de 2024, JD Vance e o candidato democrata a vice-presidente dos Estado Unidos, Tim Walz, enfrentaram questões das moderadoras da televisão CBS News sobre imigração, com o republicano a ser confrontado com as promessas de deportações em massa feitas por Donald Trump em caso de reeleição.
Vance, senador do Ohio, recusou-se por duas vezes a responder a uma pergunta direta sobre se a deportação em massa prometida por Trump separaria os adultos imigrantes indocumentados dos seus filhos, que poderão ser cidadãos nascidos em solo norte-americano.
O senador de 40 anos optou por criticar a política de fronteiras da atual administração de Joe Biden e Kamala Harris e defender que o país precisa de conter a imigração.
"Temos que estancar a hemorragia", disse Vance, alegando que os Estados Unidos têm uma crise de imigração porque a vice-presidente e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, quis desfazer as políticas de Trump para as fronteiras.
O parceiro de Trump na corrida presidencial argumentou que os Estados Unidos deveriam primeiro deportar "migrantes criminosos", culpando Harris por crianças cruzarem a fronteira sul norte-americana como mulas de drogas.
"O que quero dizer é que já temos separações massivas de crianças" por causa das políticas de Harris, disse Vance.
O senador republicano afirmou ainda que escolas e hospitais na cidade de Springfield estão sobrecarregados por causa de "imigrantes ilegais".
"Veja, em Springfield, Ohio, e em comunidades por todo o país, você tem escolas que estão sobrecarregadas, você tem hospitais que estão sobrecarregados, porque trouxemos milhões de imigrantes ilegais para competir com os norte-americanos por casas escassas", alegou.
Vance voltou a trazer Springfield para o centro do debate político após Trump ter feito o mesmo em agosto, no debate com Harris, em que causou polémica ao repetir falsas alegações de que imigrantes ilegais estariam a "comer animais de estimação" de cidadãos norte-americanos nessa cidade do Ohio.
Após uma discussão entre Vance e Walz sobre imigrantes haitianos no Ohio, a CBS News decidiu silenciar os microfones dos candidatos, uma vez que não estariam a respeitar as regras do evento.
O debate, que teve lugar nos estúdios da televisão em Nova Iorque, arrancou com um aperto de mãos dos dois políticos, que além de terem 20 anos de diferença, têm igualmente posições totalmente opostas sobre a maioria dos temas.
O primeiro assunto a ser debatido foi, de forma inesperada, política externa, nomeadamente o conflito no Médio Oriente, num debate que ocorreu horas após Israel lançar uma incursão terrestre no Líbano e após o Irão lançar dezenas de mísseis contra Israel.
Walz e Vance foram questionados sobre se apoiariam um ataque preventivo de Israel contra o Irão, mas nenhum deles respondeu diretamente à pergunta.
Vance ignorou uma pergunta sobre a decisão de Trump de abandonar o acordo nuclear com o Irão e recuperou o argumento de que o republicano tornará o mundo mais seguro com uma abordagem de paz pela força.
"Cabe a Israel decidir o que eles acham que precisam de fazer para manter o seu país seguro", observou, defendendo que Washington deve apoiar os aliados "onde quer que estejam quando estiverem a lutar contra bandidos".
"Acho que essa é a abordagem correta a ser adotada em relação à questão de Israel", acrescentou Vance, que se apresentou neste debate com uma abordagem mais amigável e menos impetuosa do que o registo habitual.
Durante o debate, Vance foi questionado sobre as críticas que fez no passado a Trump.
"Eu estava errado sobre Donald Trump", disse o aspirante a vice-presidente dos Estados Unidos, acusando a imprensa de espalhar narrativas falsas sobre Trump, nas quais ele acreditava.
Vance afirmou que apoia Trump porque o magnata republicano "fez o que prometeu ao povo norte-americano", embora admitindo que o primeiro mandato de Trump poderia ter sido melhor se republicanos e democratas no parlamento se tivessem concentrado mais em governar.
"Eles estavam tão obcecados em destituir Donald Trump que não conseguiram governar de facto", alegou.
No passado, Vance chegou a classificar Trump como inadequado e a defender que o magnata "poderia ser o Hitler da América", na preparação para a eleição presidencial de 2016.
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