Partida de opositor para Espanha "não é o fim da crise", afirma Guterres
O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou hoje que a partida do opositor venezuelano Edmundo González Urrutia para o exílio em Espanha "claramente não é o fim da crise", provocada pelo desfecho das presidenciais realizadas em 28 de julho.
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Mundo Venezuela
Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, indicou, na sua conferência de imprensa diária, que a ONU continua "muito preocupada com a situação na Venezuela" e exige das autoridades "total proteção dos direitos humanos".
O exílio político de Edmundo González Urrutia, candidato às presidenciais, ocorre depois de o Ministério Público venezuelano ter classificado como falsas as atas eleitorais divulgadas na Internet pela coligação de oposição, dando a vitória ao opositor do Presidente Nicolás Maduro com uma ampla margem.
As autoridades venezuelanas emitiram um mandado de detenção contra González Urrutia depois de este não ter respondido a três notificações relacionadas com uma investigação a alegados crimes relacionados com a divulgação das atas, tendo o opositor procurado proteção em Espanha.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, declarou hoje o processo contra o candidato da oposição venezuelano como encerrado após a sua partida do país.
Além do pronunciamento do porta-voz de Guterres, também a Procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) apelou hoje a Caracas para "respeitar o Estado de Direito", ao mesmo tempo que afirma estar "a acompanhar de perto a evolução da situação na Venezuela".
Em comunicado, sem se referir em concreto a Edmundo González Urrutia, a Procuradoria do TPI assinala que "todas as pessoas devem ser protegidas contra violações que possam constituir crimes ao abrigo do Estatuto de Roma", o texto fundador do tribunal criminal internacional.
Após a controversa reeleição de Maduro, no final de julho, eclodiram protestos nas ruas, que foram reprimidos com um balanço de 27 mortos e 192 feridos, enquanto cerca de 2.400 pessoas foram detidas, segundo fontes oficiais.
O TPI, sediado em Haia, investiga há vários anos crimes contra a humanidade alegadamente cometidos pelo Governo da Venezuela em 2017 durante protestos da oposição e nos quais mais de uma centena de pessoas foram mortas.
"A investigação está (...) ativa e em curso. Neste contexto, o gabinete está também a acompanhar de perto a evolução da situação na Venezuela após as eleições presidenciais", segundo a Procuradoria do TPI.
No mês passado, o procurador do TPI Karim Khan disse estar a avaliar vários relatos de violência durante os distúrbios.
Grande parte da comunidade internacional e dos países da região não reconheceram os resultados eleitorais na Venezuela e hoje o Governo uruguaio disse ser "uma péssima notícia" o exílio do candidato da oposição venezuelana.
"Confirma que estamos perante uma ditadura que agora consolida a fraude. O candidato mais votado tem de pedir asilo ou exílio e isso indica claramente que estamos perante um regime que não está disposto a afastar-se", comentou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Omar Paganini, à imprensa.
Entretanto, referiu que Montevideu continuará a mobilizar "todas as vozes" a nível internacional e insistiu que durante esta semana será apresentado um documento para ampliar a denúncia ao TPI sobre violações dos direitos humanos e crimes contra a humanidade.
González Urrutia chegou no domingo a Madrid, depois de ter pedido asilo, considerando que na Venezuela sofria perseguições políticas e judiciais.
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