Líder dos talibãs alerta contra a riqueza e as honras mundanas
O líder supremo dos talibãs, Hibatullah Akhundzada, avisou hoje os afegãos contra ganhar dinheiro ou ganhar honras mundanas num momento em que o país atravessa graves crises humanitárias e está isolado no cenário global.
© MARCUS YAM / LOS ANGELES TIMES
Mundo Afeganistão
Akhundzada fez este alerta num sermão que marcou a festa de Eid al-Adha numa mesquita na província de Kandahar, no sul do Afeganistão, semanas antes de uma delegação dos talibãs se deslocar a Doha, no Qatar, para conversações organizadas pelas Nações Unidas sobre o estado do país.
Esta será a primeira ronda de negociações nas quais os talibãs participarão desde que tomaram o poder do Afeganistão em agosto de 2021.
Nenhum Estado reconhece o Governo dos talibãs como poder legítimo do Afeganistão, cuja economia dependente da ajuda humanitária mergulhou numa profunda crise após a sua chegada ao poder.
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse que o convite para a reunião de Doha no final de junho não implica o reconhecimento dos talibãs.
Akhundzada lembrou aos afegãos os seus deveres como muçulmanos e fez repetidos apelos à unidade, no seu sermão de 23 minutos.
Mensagens desta e de outra figura influente dos talibãs, Sirajuddin Haqqani, para marcar um festival religioso em abril, revelaram tensões entre a linha dura e os elementos mais moderados que querem abandonar políticas mais severas e atrair mais apoio externo.
Na mensagem de hoje, Akhundzada disse que deseja a fraternidade entre os muçulmanos e que está descontente com as diferenças entre os cidadãos e as autoridades talibãs.
A dissidência pública sobre os decretos talibãs é rara e os protestos são rapidamente e por vezes violentamente reprimidos.
"Fomos criados para adorar Alá e não para ganhar dinheiro ou honras mundanas", disse Akhundzada.
"O nosso sistema islâmico é o sistema de Deus e devemos apoiá-lo. Prometemos a Deus que traremos justiça e lei islâmica [ao Afeganistão], mas não podemos fazer isso se não estivermos unidos. O benefício da sua desunião chega ao inimigo; o inimigo tira vantagem disso", defendeu o líder talibã.
Os talibãs usaram a sua interpretação da lei islâmica para proibir o acesso das raparigas à educação, se tiverem mais de 11 anos, proibir as mulheres de espaços públicos, excluí-las de muitos empregos e impor códigos de indumentária e requisitos de tutela masculina.
Akhundzada disse aos oficiais talibãs para ouvirem os conselhos dos estudiosos religiosos e confiarem-lhes autoridade, lembrando que as autoridades não devem ser arrogantes, vangloriar-se ou negar a verdade sobre a lei islâmica.
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