Em junho, segundo a Survival International, homens armados em motas invadiram o escritório do Instituto Socioambiental (ISA), que trabalha em estreita colaboração com os Yanomami, perguntando por Davi Kopenawa.
Os homens ameaçaram a equipa de funcionários do ISA -- que é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSIP) - com armas e roubaram computadores e outros equipamentos. Após o assalto, um dos homens foi preso e declarou ter sido contratado por garimpeiros.
Em maio, a Hutukara Associação Yanomami -- presidida por Kopenawa -- recebeu uma mensagem dos garimpeiros de que o porta-voz não estaria vivo até ao final deste ano.
"Eles querem acabar comigo... Não faço como os brancos que vão atrás de uma pessoa para acabar com ela. Não atrapalho o trabalho deles, mas eles estão atrapalhando o nosso trabalho e a nossa luta. Vou continuar lutando e trabalhando pelo meu povo. Porque esse é o meu trabalho. Defender o povo e a terra Yanomami", disse Davi Kopenawa.
Desde o ataque, um clima de medo tem pairado sobre os escritórios do ISA e da Hutukara, com homens em motas a intimidar os funcionários e a perguntar sempre pelo porta-voz, que também é um xamã.
De acordo com a Survival, os garimpeiros ilegais trabalham na terra Yanomami, poluindo o ambiente que os Yanomami dependem para a sua sobrevivência.
Em colaboração com a Hutukara, o Governo do Brasil lançou uma grande operação para expulsar centenas de garimpeiros ilegais e destruir as máquinas do garimpo em fevereiro de 2014.
Kopenawa, que foi chamado de "Dalai Lama da floresta", está à frente da luta pela proteção da terra Yanomami há mais de 30 anos.
O porta-voz dos Yanomami viajou para o exterior em várias ocasiões para aumentar a consciencialização sobre a necessidade urgente de proteger a floresta Amazónica da destruição. Já discursou na ONU e recebeu o prêmio Global 500, entre outros, pela sua contribuição na luta pela preservação ambiental.
"As leis do Estado não significam nada na fronteira da Amazónia, que é tão selvagem e violenta como o oeste-americano costumava ser", disse hoje o diretor da Survival International, Stephen Corry.
"Qualquer pessoa que se coloque no caminho dessa colonização agressiva corre o risco de ser morto a sangue frio. Não são falsas ameaças -- ativistas indígenas são frequentemente assassinados por resistirem à destruição das suas terras", sublinhou Corry.
Para o ativista ambiental, "a vida de Davi Kopenawa está em perigo. Aqueles por detrás das ameaças e deste último ataque devem ser levados à justiça e as autoridades precisam agir logo para evitar o assassínio de mais um homem inocente".