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Franceses insatisfeitos com Macron por comentários sobre a Ucrânia

Os franceses não apoiam as afirmações do Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a possibilidade de enviar tropas ocidentais para lutar na Ucrânia no futuro, segundo o Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP).

Franceses insatisfeitos com Macron por comentários sobre a Ucrânia
Notícias ao Minuto

23:51 - 20/03/24 por Lusa

Mundo Macron

"A forte insatisfação com o Presidente concentra-se sobretudo na Ucrânia e na questão do envio de tropas terrestres", explicou Frédéric Dabi, diretor do IFOP, acrescentando que as principais preocupações dos franceses são a saúde, o poder de compra, a segurança e a imigração.

Estes comentários do Presidente francês suscitaram receios em relação ao conflito na Ucrânia, sem garantias de mobilizar os eleitores, e provocaram reações por parte dos líderes da extrema-direita, acusada de alegadas ligações ao regime russo, e de outros partidos adversários, durante a atual campanha para as eleições europeias.

O cabeça de lista do partido de extrema-direita Rassemblement national (RN), Jordan Bardella, criticou os comentários de Macron por serem "levianos, irresponsáveis e cínicos", por isso "devem preocupar o povo francês". 

"O Presidente é assustador", afirmou o líder da esquerda radical France Insoumise, Jean-Luc Mélenchon, enquanto Eric Ciotti, líder do partido de direita Les Républicains, acusou-o de "atiçar as brasas de um potencial conflito global para fins eleitorais".

Apesar da controvérsia, Macron esclareceu que as suas palavras foram "ponderadas" e "comedidas" e rejeitou qualquer "lógica de escalada" com Moscovo, afirmando que era "desejável" e "necessário" que houvesse "um despertar", porque as consequências seriam diretas para as democracias ocidentais.

O politólogo Bruno Cautrès quer acreditar que o Chefe de Estado "tem muito boas razões para se exprimir desta forma", mas "os seus comentários atingiram um país onde a desconfiança é elevada e o estado psicológico geral não é bom", num contexto de "crises intermináveis".

A popularidade do Presidente está estagnada ou em queda, de acordo com dois barómetros publicados no domingo pelo centro de investigação política Cevipof.

Este debate sobre a ajuda à Ucrânia colidiu com o anúncio de cortes orçamentais de 10 mil milhões de euros em 2024 e de 20 mil milhões de euros em 2025, que geraram confusão. 

"De momento, não vemos qualquer efeito muito benéfico (destas declarações sobre a Ucrânia) para o executivo", afirmou Cautrès.

Contrariando a opinião de deputados e especialistas que manifestaram preocupação com o nível de equipamento em caso de confronto direto, o chefe do Estado-Maior, Pierre Schill, garantiu num artigo que assinou no jornal Le Monde que o exército "está pronto" para compromissos "mais difíceis".

"Não importam as evoluções na situação internacional, os franceses podem ter a certeza: os seus soldados estarão lá", acrescentou.

De acordo com Pierre Schill, a França tem capacidade para reunir 20.000 homens num prazo de trinta dias, tem meios para comandar até 60.000 homens e, de acordo com os registos do exército, no total, dispõe de 121.000 soldados e pode recorrer a 24.000 pessoas em reserva militar.

O país está a apostar na produção de artilharia e espera produzir por mês 4 a 5 mil obuses, um tipo de boca de fogo da artilharia, até ao final do ano, contra mil antes da invasão russa, o que corresponde a metade ou um terço, dos projéteis disparados num dia por Moscovo contra a Ucrânia.

Em caso de uma possível escalada contra a França, existe a garantia do apoio da NATO, cujo tratado fundador (artigo 5º) estipula que qualquer ataque contra um país membro deve desencadear uma resposta coletiva da organização.

Leia Também: Operações militares do Ocidente na Ucrânia? Poderão ser necessárias

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