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Sérvia pede reunião na ONU devido à abolição do dinar no Kosovo

O Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, indicou hoje que vai pedir para a próxima segunda-feira uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre a abolição do uso do dinar, a moeda utilizada pelos sérvios do Kosovo.

Sérvia pede reunião na ONU devido à abolição do dinar no Kosovo
Notícias ao Minuto

15:49 - 02/02/24 por Lusa

Mundo Aleksandar Vucic

Durante um discurso, e citado pela cadeia B92, Vucic assegurou que a decisão do Banco central do Kosovo de abolir o dinar e apenas autorizar o pagamento em euros -- a moeda imposta pelas autoridades kosovares -- representará um "tremendo impacto" para as "mais de 900 entidades económicas que já não poderão receber os seus pagamentos em dinares".

O Presidente da Sérvia avaliou em 31.831 os trabalhadores sérvios kosovares e em 29.115 os pensionistas que representam por mês "350 milhões de dinares em benefícios sociais, reformas e alimentação".

"Até hoje, esse dinheiro sempre foi pago a horas", indicou Vucic, ao recear que estes pagamentos comecem a ser interrompidos após a decisão do Banco central do Kosovo.

Vucic assegurou que a responsabilidade por esta decisão não pode ser atribuída ao Banco central, referindo-se a um "novo ataque direto" do primeiro-ministro albanês kosovar Albin Kurti e a um novo episódio do que classificou como a sua longa perseguição à minoria sérvia kosovar, sobretudo concentrada no norte.

"Não nos equivoquemos, desde o início, quem está por detrás de tudo isto é Albin Kurti. Foi apenas ele a optar por esta decisão", insistiu, antes de acusar o primeiro-ministro kosovar de perpetrar um genocídio encoberto através desta iniciativa.

"O seu único objetivo é a limpeza étnica da província sérvia do Kosovo e Metohija", assegurou Vucic ao recorrer ao termo histórico que a Sérvia utiliza para descrever a sua ex-província do Kosovo, "através da escravidão deliberada dos sérvios através da imposição de condições de vida insuportáveis".

O Presidente também questionou a legalidade da decisão do Banco central kosovar, ao indiciar que "o Kosovo não é membro da União Europeia" e que "o euro não é uma moeda com utilização legal" no território.

Nesse sentido, assinalou que a página digital do Banco central europeu especifica que "os Estados do Kosovo e Montenegro nos Balcãs não são membros da UE, e ambos os países adotaram o euro unilateralmente em 2002 e utilizam-no desde então como moeda 'de facto'".

O chefe de Estado sérvio anunciou que na próxima segunda-feira vai enviar à União Europeia (UE) "a carta mais difícil" que jamais escreveu para que seja convocada uma reunião do Conselho de Segurança da ONU onde pretende que sejam abordadas "todas as violações" cometidas pela liderança do Kosovo "contra as normas legais internacionais" e no âmbito da "intensificação das suas iniciativas nos dois últimos anos e meio contra a República da Sérvia".

Hoje, a Comissão Europeia criticou a decisão do Banco central do Kosovo de apenas aceitar pagamentos em euros, pedindo que seja considerado um amplo período de transição para garantir uma solução através do diálogo, e assinalando o impacto negativo desse medida para a população sérvia.

O porta-voz do Executivo europeu, Eric Mamer, lamentou em conferência de imprensa uma decisão adotada "sem consulta prévia" e indicou que o seu impacto "pode ser preocupante sobretudo em hospitais e escolas devido à falta de alternativa neste momento".

O Kosovo, uma província autónoma do sul da Sérvia, autoproclamou a independência em 2008, nunca reconhecida por Belgrado.

As tensões entre a Sérvia e o Kosovo permanecem muito elevadas 14 anos depois do final da guerra, após uma intervenção militar da NATO contra Belgrado em 1999, suscitando receios sobre o reacender do conflito e a abertura de uma nova frente de desestabilização na Europa enquanto prossegue a guerra na Ucrânia.

A normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo, mediadas pela UE, permanece num impasse, em particular após os confrontos em setembro passado entre uma milícia sérvia e a polícia kosovar que provocou quatro mortos e agravou as tensões na região.

Na sequência deste incidente, a Kfor, a força multinacional da NATO no Kosovo e presente no território desde 1999, reforçou a sua presença no terreno e possui atualmente cerca de 4.800 efetivos.

A UE e os Estados Unidos têm pressionado Belgrado e Pristina para a aplicação dos acordos que o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e Kurti terão aceitado em março passado.

A permanência das tensões arrisca a comprometer as ambições sobre uma futura adesão à UE.

O Kosovo independente -- que a Sérvia considera o berço da sua nacionalidade e religião -- foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.

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