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Níger. França completa retirada militar com saída dos últimos soldados

A França concluiu hoje a retirada militar do Níger, pondo fim a uma década de destacamento para colaborar com as autoridades de Niamey na luta contra o fundamentalismo islâmico.

Níger. França completa retirada militar com saída dos últimos soldados
Notícias ao Minuto

16:08 - 22/12/23 por Lusa

Mundo Militares

"Confirmamos a partida dos últimos militares franceses do Níger", disseram fontes do Ministério da Defesa francês à Europa Press, sublinhando que "o último avião militar descolou para França".

Cerca de 1.500 soldados franceses estavam destacados no país, alguns dos quais chegaram após a retirada francesa do Mali.

As autoridades francesas sublinharam recentemente que o processo de retirada estava a ser realizado "em coordenação" com as autoridades do Níger, em referência à junta militar que subiu ao poder após o golpe de Estado de 26 de julho que derrubou o Presidente eleito, Mohamed Bazoum, a qual apelou à partida das tropas francesas no meio de um recrudescimento das tensões bilaterais.

Em 11 de dezembro, menos de 200 militares franceses permaneciam na base aérea da capital, Niamey, e prosseguiam as "operações logísticas" para a sua retirada.

Nessa altura, já não havia veículos blindados nem aviões de combate franceses no país.

No âmbito deste processo de retirada, Paris continuou a efetuar "rotações aéreas" com a participação "suplementar" de "aviões aliados", ao mesmo tempo que o material "não sensível" era retirado para portos da região para ser transferido por via marítima.

A retirada das tropas começou no início de outubro, depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado, em setembro, que o processo estaria concluído "antes do final do ano", na sequência de um pedido da junta militar, que adotou uma posição dura em relação a Paris e optou por uma aproximação à Rússia.

Após o anúncio de Macron, a junta militar - cujo nome oficial é Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP) - disse que a decisão da França era "um novo passo para a soberania do país" e sublinhou que se tratava de "um momento histórico" para o país africano.

"Congratulamo-nos com a nova etapa para a soberania do Níger", declarou a junta nigerina, que advertiu que "qualquer pessoa, instituição ou estrutura que represente uma ameaça para os interesses e projetos do país deve abandonar a terra dos antepassados, quer queira quer não", segundo um comunicado publicado na sua conta da rede social X.

A conclusão do processo de retirada militar da França ocorre também um dia depois de fontes diplomáticas francesas terem anunciado o encerramento "por tempo indeterminado" da sua embaixada em Niamey.

A junta nigerina tinha ordenado, meses antes, a expulsão do chefe da legação, Sylvain Itté, que deixou o país em setembro, após semanas de recusa de Paris em ceder às exigências dos militares.

De facto, Macron chegou a afirmar que Itté tinha sido feito "refém" pela junta, enquanto o próprio embaixador afirmou mais tarde ter estado "à beira da tragédia" durante um ataque à embaixada em julho, quando um grupo de apoiantes militares pró-golpe incendiaram um dos portões da embaixada durante uma marcha contra o "colonialismo francês".

A junta militar no poder no Níger, que está sob sanções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) - um organismo que anunciou recentemente que Niamey está suspensa até que "a ordem constitucional seja restabelecida" -, estabeleceu nos últimos meses laços mais estreitos com os militares no poder no Mali e no Burkina Faso, onde os respetivos exércitos também subiram ao poder após uma série de golpes entre 2020 e 2022.

Estes três países, que anunciaram em setembro a criação de uma aliança militar defensiva, a Aliança dos Estados do Sahel (AES), têm criticado fortemente a França pelo seu papel durante a época colonial e por não ter agido com suficiente firmeza face à expansão das redes terroristas na região, onde operam as filiais da Al-Qaida e do grupo extremista Estado Islâmico.

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