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Irlanda processa Reino Unido por lei que amnistia crimes do conflito

O governo irlandês confirmou hoje que vai apresentar uma ação judicial no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos contra o Reino Unido por uma lei que amnistia envolvidos em crimes cometidos no antigo conflito da Irlanda do Norte.

Irlanda processa Reino Unido por lei que amnistia crimes do conflito
Notícias ao Minuto

16:53 - 20/12/23 por Lusa

Mundo TEDH

O vice-primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, considerou hoje que o Legacy and Reconciliation Act 2023 (Lei de Legado e Reconciliação), aprovado por Londres em setembro passado, é incompatível com as obrigações adquiridas pelo Reino Unido com a Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

"Esta decisão foi tomada após cuidadosa consideração. Lamento que nos encontremos numa posição em que somos forçados a tomar esta decisão", afirmou o líder irlandês.

Martin argumentou que o Governo de Londres decidiu "legislar unilateralmente" e sem abordar "preocupações legítimas" dos irlandeses.

"O Governo britânico eliminou a opção política e deixou-nos apenas esta via legal", disse o 'número dois' do Governo de Dublin, constituído por uma coligação entre democratas-cristãos, centristas e Verdes.

O vice-primeiro-ministro irlandês lembrou ainda que a incorporação da Convenção Europeia dos Direitos Humanos na legislação da Irlanda do Norte é um "requisito específico e fundamental do acordo da Sexta-Feira Santa" -- o Acordo de Belfast, assinado em 1998 pelos governos britânico e irlandês e apoiado pela maioria dos partidos políticos norte-irlandeses -, que pôs fim ao conflito na província britânica.

"Desde que o Reino Unido introduziu pela primeira vez a legislação, este Governo tem sido consistente em afirmar que esta não é compatível com a convenção. Aproveitámos todas as oportunidades para dar a conhecer as nossas preocupações e instar o Governo do Reino Unido a travar a legislação", disse Martin.

O vice-primeiro-ministro insistiu que as vítimas devem ser colocadas no centro do debate sobre a referida legislação, à qual também se opõem todos os partidos da Irlanda do Norte e organizações de direitos humanos.

Martin observou que, em particular, existem preocupações sobre "disposições que permitem a concessão de imunidade", bem como outras que "fecham vias existentes" para esclarecer "casos históricos", incluindo "investigações policiais, investigações do Provedor de Justiça ou ações civis".

O conflito na Irlanda do Norte opôs a população protestante, que defendia a preservação dos laços com o Reino Unido, à população católica, favorável à independência ou à integração da na República da Irlanda.

O conflito foi muito violento e durou desde o final da década de 1960 até a assinatura do Acordo de Belfast.

A Amnistia Internacional saudou hoje a decisão do Governo irlandês de apresentar uma "reivindicação interestadual" contra o Reino Unido.

O Governo irlandês "está a fazer o que é certo pelas vítimas, pelo Estado de direito e pela defesa dos direitos humanos", afirmou a vice-diretora da organização para a Irlanda do Norte. Grainne Teggart.

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