"Não estou a dizer que é bom termos uma proporção de dois para um", frisou um dos responsáveis, que falou sob condição de anonimato, acrescentando que o uso de escudos humanos fazia parte da "estratégia básica" do Hamas.
"Espera-se que esta proporção seja muito menor na próxima fase da guerra", destacou ainda.
O crescente número de mortos e a crise humanitária em Gaza provocaram indignação em todo o mundo.
O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que a campanha de Israel desde 07 de outubro, matou quase 16 mil pessoas.
Questionado sobre relatos de que 5.000 combatentes do Hamas foram mortos, um dos altos responsáveis disse: "os números são mais ou menos precisos".
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, pediram-lhe que fizesse mais para evitar vítimas civis à medida que as operações se deslocam para o sul, onde muitos habitantes de Gaza procuraram refúgio depois de fugirem do norte devastado.
O Exército está a implementar 'software' de mapeamento de alta tecnologia para tentar reduzir o número de mortes de não combatentes, revelaram altos responsáveis militares israelitas.
O sistema integra sinais de telemóveis, vigilância aérea e inteligência artificial, para manter um mapa constantemente atualizado que mostra as concentrações populacionais em todo o território.
Cada uma das 623 células do mapa é codificada por cores, com o verde indicando áreas onde pelo menos 75% da população foi evacuada.
"No sul, como quase duplicámos a população, as operações são muito mais precisas", frisou responsável.
"Estamos a gastar muito mais tempo para garantir que os nossos esforços [para alertar os civis] são eficazes", acrescentou.
O mapa, resultado de oito anos de investigação, é disponibilizado aos comandantes e unidades no terreno, acrescentaram.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), no entanto, questionou a utilidade de tal ferramenta numa região onde o acesso às telecomunicações e à eletricidade é esporádico.
A guerra em curso no Médio Oriente começou em 07 de outubro, após um ataque do braço armado do Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de 'rockets' para Israel e a infiltração de cerca de 3.000 combatentes que mataram mais de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestraram outras 240 em aldeias israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Em retaliação, as Forças de Defesa de Israel dirigiram uma implacável ofensiva por ar, terra e mar àquele enclave palestiniano, que enfrenta uma grave crise humanitária perante o colapso de hospitais e a ausência de abrigos, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
As autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo movimento islamita palestiniano Hamas desde 2007, aumentaram hoje o número de mortos na ofensiva israelita para quase 15.900, enquanto mais de 250 palestinianos morreram às mãos das forças de Telavive ou em ataques levados a cabo por colonos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 07 de outubro.
As partes cessaram as hostilidades durante uma semana no âmbito de uma trégua mediada por Qatar, Egito e Estados Unidos, mas os confrontos regressaram na sexta-feira após falta de entendimento para prorrogar o acordo.
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