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Caos no Congresso dos EUA reflete grande fragilidade dos republicanos

O caos na Câmara dos Representantes, que está sem líder há 13 dias após a destituição de Kevin McCarthy, reflete a fragmentação do partido republicano e pode ter consequências no próximo ano, disse à Lusa a analista Daniela Melo.

Caos no Congresso dos EUA reflete grande fragilidade dos republicanos
Notícias ao Minuto

06:57 - 16/10/23 por Lusa

Mundo EUA

"O partido republicano está a atravessar um momento de grande fragilidade, arriscando-se a desmotivar o próprio eleitorado no meio das primárias para a eleição presidencial de 2024", afirmou a cientista política. "A luta pelo coração do partido, pela sua identidade política, continua sangrenta", afirmou. 

A câmara baixa do Congresso irá tentar eleger um novo líder na terça-feira, após a nomeação do ultraconservador Jim Jordan na semana passada, que se seguiu à desistência do anterior nomeado, Steve Scalise. 

O candidato é outro, mas o problema permanece: para ser eleito, o candidato a 'speaker' tem de obter 217 votos. Scalise não conseguiu reunir apoio suficiente na casa republicana e Jim Jordan, um dos congressistas mais extremistas, está a enfrentar uma situação similar. 

No voto secreto para fazer ponto de situação após a nomeação, 55 republicanos sinalizaram que não estavam dispostos a apoiar Jim Jordan. Uma vez que a maioria republicana é curta, Jordan só pode perder quatro votos, o que significa que o candidato tem até terça-feira para conseguir mudar meia centena de posições. 

"Ele mostrou-se pronto a enfrentar o desafio, mas, admitamos, não será uma tarefa fácil", indicou Daniela Melo. 

A escolha de Jordan, que anteriormente perdera para Steve Scalise, é vista com preocupação pelos moderados, dadas as suas posições extremas e a sua ação como líder da poderosa Comissão Judiciária. 

"Se Jordan sair vitorioso, a representação republicana na Câmara passa a ser liderada pela ala radical do partido", nota Daniela Melo. "Jordan é um aliado e defensor acérrimo de Donald Trump e prevejo que tente alinhar a agenda legislativa da Câmara com os interesses da ala trumpista", acrescentou. 

A politóloga refere, ainda assim, que a sua permanência no cargo dependeria do apoio dos moderados, o que poderia ter um efeito moderador em posições como a ajuda financeira à Ucrânia. 

"Apesar dessa possibilidade, se Jordan vier a ocupar o terceiro posto politico mais importante dos EUA, podemos esperar mais comissões de inquérito e muito ênfase no 'impeachment' [processo de destituição] ao Presidente, Biden". 

Desde que Kevin McCarthy foi destituído e os republicanos mostraram dificuldade em nomear um substituto, várias alternativas foram propostas. Uma delas é nomear um candidato com menos anticorpos, em que os democratas aceitem votar para compensar a recusa da ala extremista dos republicanos. 

Essa hipótese não é viável neste momento, considera Daniela Melo. 

"Por agora não se vislumbra uma alternativa, mas não ponho de lado a possibilidade que isso mude nos próximos dias ou semanas caso não se encontre consenso", apontou. 

A votação de todos os membros da Câmara dos Representantes (221 republicanos e 214 democratas) está marcada para terça-feira às 12:00, hora de Washington (17:00 em Portugal). 

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