Em setembro de 2020, o homem de 27 anos gravou um vídeo em que mostrava um Corão e bacon a serem queimados num churrasco em frente à catedral de Linköping, uma cidade no centro da Suécia. Por baixo do grelhador estava um cartaz com uma observação depreciativa sobre o profeta Maomé.
Em seguida, publicou o vídeo nas redes sociais e colocou o livro sagrado dos muçulmanos, juntamente com a carne, em frente à mesquita da cidade.
Nos últimos meses, a Suécia tem sido palco de várias profanações do Corão, provocando indignação no mundo muçulmano e fazendo da Suécia um "alvo prioritário", segundo os serviços secretos do país escandinavo.
Em meados de agosto, o país elevou o seu nível de alerta terrorista, considerando que a ameaça de atentados "persistirá durante muito tempo".
O Governo sueco condenou a queima do livro sagrado no seu território, mas sublinha a importância da liberdade de expressão e de reunião.
O tribunal de Linköping considerou hoje o homem culpado de "agitação contra um grupo étnico", especificando que o seu ato "visava os muçulmanos e não o Islão enquanto religião".
"Não se pode dizer que tenha encorajado um debate objetivo e responsável", acrescentou o tribunal, que lhe aplicou uma pena de prisão suspensa.
Outro fator foi assinalado pelo tribunal: 'Remove Kebab', a canção utilizada no vídeo, é popular entre os grupos de extrema-direita e apela à erradicação dos muçulmanos.
"A música está fortemente associada ao ataque de Christchurch", na Nova Zelândia, em 2019, quando um supremacista branco australiano invadiu duas mesquitas e matou 51 fiéis muçulmanos.
Perante o tribunal sueco, o homem defendeu-se argumentando que o seu vídeo era uma crítica ao Islão enquanto religião, mas o tribunal rejeitou o seu argumento.
"O tribunal considera que a música escolhida para um vídeo com tal conteúdo não pode ser interpretada senão como uma ameaça contra os muçulmanos com uma alusão à sua fé", escreveu o tribunal.
Os outros elementos do filme, colocados no seu contexto, não podem ser entendidos como outra coisa que não uma expressão de desprezo, acrescentou o tribunal.
Outras profanações do Corão tiveram lugar na Suécia, nomeadamente por iniciativa de Salwan Momika, um refugiado iraquiano.
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