Para além dos milhões de visitantes que França deverá receber para o próximo ano, o final deste verão fica marcado pela ação de desinfestação que ocorre no país contra os percevejos.

Nas últimas semanas, foi detetada uma praga destes insetos na capital, e, num relatório elaborado pela Agência Francesa de Segurança Alimentar, Ambiental e Ocupacional  (ANSES na sigla em francês), os responsáveis dão a conhecer que, entre 2017 e 2022, mais de uma em cada 10 residências estava infestada por percevejos.

Mas a desinfestação pode tornar-se agora uma 'corrida contra o tempo’, dado que Paris espera milhões de visitantes para os Jogos Olímpicos do próximo ano. Mas, afinal, que ‘crise’ de percevejos é esta?

É a primeira vez que uma crise destas invade Paris?

Esta não é a primeira vez que esta praga 'ataca' território francês, tendo sido considerada erradicada em 1950. Entre 2017 e 2022, mais de uma em cada 10 residências estava infestada por percevejos.

Só em 2018, o governo francês teve registo de 400 mil desinfestações, incluindo hotéis, apartamentos e casas. Dois anos mais tarde, lançou uma campanha , que incluía uma linha de contacto de denúncia e um site para ajudar na situação.

Por que razão estão estes ‘bichinhos’ de regresso?

Segundo o relatório, citado pelas publicações internacionais, nos primeiros anos eram usados pesticidas como DDT, mas devido aos perigos que representavam para a saúde, já não se utilizam. A ANSES atribuiu, no entanto, no seu relatório, a intensidade desta praga ao "aumento nas viagens e também ao aumento da resistência dos percevejos aos inseticidas".

O que está Paris a fazer para resolver?

A Câmara Municipal de Paris apelou ao presidente de Frabça, Emmanuel Macron, que o governo ajudasse na desinfestação com, por exemplo, a criação de uma 'task force' dedicada a este problema, que tem sido detectado não só na rua e residências, como hotéis, transportes públicos e salas de cinema.

Para a próxima semana estará também agendada uma reunião entre o ministro dos Transportes, Clement Beaune, com os responsáveis pelas empresas por forma a perceberam como é que podem combater esta praga nos veículos, que veem entrar milhares de pessoas por dia.

Também o 'vice' de Paris, Emmanuel Gregoire, tem vindo a defender políticas como esta questão ser incluída nos seguros das casas, uma vez que as pessoas com baixos rendimentos não têm condições para pagar uma desinfestação. Já esta semana, o responsável escreveu uma carta também à primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, apontando a urgência para resolver o problema antes do grande evento do próximo ano.

À publicação Al Jazeera, o investigador Ondřej Balvín explicou, no entanto, que iria ser difícil para Paris resolver esta praga, porque a questão acontece "em camas privadas". Reconhecendo que o governo pode ajudar com novos "químicos no mercado", Balvín apontou que o "problema na Europa" é que a regulamentação das substâncias é "pesada".

"As opções são limitadas e eu diria que estamos numa luta contra os percevejos sem grandes hipóteses de melhoria", referiu.

De acordo com a Rádio Renascença, os percevejos asiáticos estão mais perto de se tornarem espécie invasora por cá. Segundo a rádio, surgiram há quatro anos os primeiros relatos da presença destes insetos em Portugal. A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária terá assegurado que não foram observados exemplares, mas a imprensa adianta que estes animais têm aparecido em zonas urbanas, como Lisboa. 

Veja na galeria acima imagens de uma desinfestação em Paris.

Leia Também: França enfrenta praga de percevejos. Aproximação das Olimpíadas preocupa