Netanyahu promete "tolerância zero" para os "ataques aos crentes"

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu "tolerância zero" para os "ataques aos crentes", depois de ter sido divulgado nas redes sociais um novo vídeo que mostra judeus a cuspirem em peregrinos cristãos em Jerusalém.

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© ABIR SULTAN/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
04/10/2023 00:01 ‧ 04/10/2023 por Lusa

Mundo

Israel

"Condeno veementemente qualquer ataque aos crentes e tomaremos medidas urgentes contra este tipo de ação", afirmou Netanyahu em comunicado.

O texto não se refere a nenhum acontecimento específico, mas foi publicado no dia seguinte à publicação de um vídeo nas redes sociais que mostrava um grupo de judeus ultra-ortodoxos a celebrar o festival de Sukkot, incluindo jovens rapazes, a cuspir no chão enquanto peregrinos com cruzes passavam ao longo da Via Dolorosa, o percurso tradicional da Via Sacra que recorda a Paixão de Cristo na Cidade Velha de Jerusalém.

A Agência France Presse não conseguiu de imediato autenticar o vídeo, que surge após a publicação de outros vídeos semelhantes que mostram vexames, insultos e ataques cometidos contra cristãos por fiéis judeus nesta zona da cidade ocupada e anexada por Israel desde 1967, no centro do conflito israelo-palestiniano e das tensões entre as três religiões monoteístas.

"Qualquer comportamento agressivo contra os crentes (...) é inaceitável", e "mostraremos tolerância zero" a este respeito, declarou Netanyahu.

No dia 21 de setembro, o Patriarca Latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, investido como cardeal no sábado, em Roma, pelo Papa Francisco, observou que o fenómeno dos ataques contra os cristãos na Cidade Velha "não é novo", mas que houve "um aumento dos números" num "período recente".

Este aumento pode estar ligado a uma presença mais forte do que anteriormente de movimentos judeus "ultra-ortodoxos" ou "sionistas religiosos", mas também a uma "questão de educação", quando "certos rabinos [...] incitam" a este tipo de comportamento ou, no mínimo, o "aprovam", acrescentou.

"Também não devemos esquecer que as relações entre judeus e cristãos no passado não foram simples", acrescentou o Arcebispo Pizzaballa, numa alusão ao antijudaísmo de origem cristã.

Mas "talvez também que, com [o] [atual] governo israelita, certos movimentos se sintam de certa forma [...] não apoiados, mas pelo menos protegidos", porque "é um facto que a frequência deste fenómeno [...] está ligada, pelo menos temporariamente, a este governo", ressalvou.

Vencedor das eleições legislativas de novembro de 2022, Netanyahu preside a um dos governos mais à direita da história de Israel, com a ajuda de partidos ultra-ortodoxos e de extrema-direita.

Em comunicado divulgado na terça-feira à noite, o rabino Shmuel Rabinowitz, presidente da Fundação do Muro das Lamentações, condenou "nos termos mais fortes a violência contra os crentes na Cidade Velha e todas as formas de violência".

"Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservar o delicado tecido da Cidade Velha", acrescentou, dirigindo-se "aos líderes de todas as religiões".

Leia Também: ONU. Netanyahu promete "fazer tudo" para travar programa nuclear do Irão

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