"Para permitir que a comissão desempenhe eficazmente as suas funções, decidi conceder ao ministro da Polícia, Senzo Mchunu, uma licença com efeitos imediatos", declarou o Presidente numa mensagem televisiva dirigida à nação.
O chefe de Estado adiantou que "o ministro prometeu a sua total cooperação com a comissão para que esta possa realizar o seu trabalho".
Ramaphosa nomeou Firoz Cachalia, atualmente professor de Direito na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, e presidente do Conselho Consultivo Nacional Anticorrupção, como ministro interino da Polícia.
O Presidente tomou a decisão depois de recordar que, no passado dia 06, o tenente-general Nhlanhla Mkhwanazi, chefe da polícia da província de KwaZulu-Natal (leste), fez numa conferência de imprensa "sérias alegações sobre a existência e o funcionamento de uma sofisticada organização criminosa que alegadamente se infiltrou nas estruturas da polícia e dos serviços secretos da África do Sul".
Mkhwanazi afirmou que Mchunu "alegadamente interferiu em investigações policiais sensíveis e conspirou com homens de negócios, incluindo um acusado de homicídio".
O chefe de Estado sublinhou que estas alegações suscitam "sérias preocupações relativamente à Constituição, ao Estado de direito e à segurança nacional".
"Se forem verdadeiras, estas alegações ameaçam minar a confiança dos sul-africanos na capacidade do Serviço de Polícia da África do Sul para os proteger e para combater eficazmente o crime e a corrupção", acrescentou.
Ramaphosa sublinhou que estas alegações exigem "uma investigação urgente e minuciosa" e, por isso, anunciou a criação de uma comissão judicial de inquérito presidida pelo vice-presidente interino do poder judicial, Mbuyiseli Madlanga.
A comissão, disse ele, investigará "alegações relacionadas com a infiltração de organizações criminosas nos serviços de aplicação da lei, nos serviços de informação e nas instituições relacionadas com o sistema de justiça penal".
A comissão deverá apresentar um relatório final ao Presidente, embora sejam esperados relatórios intercalares ao fim de três e seis meses, respetivamente.
Ramaphosa já tinha antecipado no dia 07 no Brasil, onde participava na cimeira anual de líderes do grupo de economias emergentes BRICS, que iria estudar as acusações feitas contra o ministro da Polícia no seu regresso ao país.
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