No seu discurso de vitória, o ex-primeiro-ministro Fico insistiu que o seu Governo deixará de fornecer ajuda militar a Kyiv, garantindo que vai colocar os interesses nacionais acima do problema da guerra na Ucrânia.
"Os nossos problemas são diferentes. Se me derem o mandato, sei exatamente o que devo fazer", disse Fico, que confirmou ainda não ter recebido o telefonema da Presidente e sua rival política, Zuzana Caputova, para iniciar as conversações para fazer uma coligação governamental.
"Em qualquer caso, se o meu partido chegar ao Governo, quer tenha ou não o cargo de primeiro-ministro, faremos todo o possível para iniciar negociações de paz na Ucrânia o mais rapidamente possível", garantiu o ex-primeiro-ministro, acrescentando que já disse tudo o que havia a dizer sobre a ajuda militar a Kyiv, que ele rejeita vir a manter.
Fico - que se for alcançado um acordo de coligação voltará pela terceira vez à chefia do Governo da Eslováquia - explicou que não tem qualquer plano de vingança contra os seus rivais, embora tenha insinuado que tem um problema com o chefe da Polícia Nacional, Stefan Hamran, e com o procurador especial Daniel Lipsic, a quem acusa de perseguição política.
O partido populista Direção-Social Democracia (Smer-SSD), liderado por Fico, venceu as eleições legislativas na Eslováquia, de acordo com resultados definitivos, divulgados esta madrugada.
De acordo com o Gabinete de Estatísticas eslovaco, após a contagem dos votos de quase seis mil assembleias, o Smer-SSD obteve 23,3%, à frente do partido liberal Eslováquia Progressista (17,1%), liderado pelo vice-presidente do Parlamento Europeu, Michal Simecka.
Uma vez que nenhum partido obteve a maioria dos assentos no parlamento da Eslováquia, o futuro do país pode depender do partido que ficou em terceiro lugar, com 14,9% dos votos, os sociais-democratas do Hlas-SD ('Voz'), do também antigo primeiro-ministro Peter Pellegrini, um dissidente do Smer-SSD mas que partilha a posição pró--Ucrânia de Simecka.
Um outro potencial parceiro de uma hipotética aliança governamental com Robert Fico, o ultranacionalista Partido nacional eslovaco (SNS), conseguiu 5,7% dos votos.
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