Uma mulher escocesa foi indemnizada em 37 mil libras (42.724 euros), depois de o patrão a ter acusado de usar a menopausa como “desculpa para tudo”.
Karen Farquharson, de 49 anos, era funcionária de uma empresa de engenharia de Peterhead, na Escócia, desde 1995. O proprietário da companhia, Jim Clark, acusou-a de se “passear” quando lhe convinha, depois de ter trabalhado alguns dias em casa para lidar com os sintomas da menopausa. É que, segundo o The Telegraph, o homem de 72 anos considerava que todos aqueles que faltavam ao trabalho por doença eram “flocos de neve”.
A mulher ficou de tal forma incomodada com as afirmações do patrão que adoeceu devido ao stress e, eventualmente, demitiu-se. Agora, depois de ter processado o homem, foi indemnizada em 37 mil libras (42.724 euros).
Em agosto de 2021, Farquharson informou a sua entidade empregadora de que estava a ser alvo de “sintomas sérios” associados à menopausa. Já em outubro de 2022, a mulher vivia não só com sangramentos, mas também ansiedade, perda de concentração e ‘brain fog’ (confusão mental, em tradução livre). Mas foi em dezembro de 2022 que tudo piorou, quando a Farquharson, na altura com 48 anos, se viu obrigada a trabalhar a partir de casa por dois dias – inicialmente devido à queda de neve e, depois, por um sangramento intenso. No dia seguinte, regressou ao escritório.
“Entrou na empresa e foi para o seu escritório. Passou por Jim Clark no corredor, que lhe disse num tom sarcástico: ‘Oh, conseguiste vir!’”, foi relatado na audiência em tribunal a propósito do caso.
A mulher terá explicado o porquê da sua ausência, tendo sido brindada com um “olhar enojado” por parte do patrão. “Ela ficou muito sentida e zangada pelo seu comportamento e pela insinuação de que não tinha uma boa razão para não ter estado no escritório”, foi dito.
Ao confrontar o Clark, este acusou Farquharson de se “passear” no trabalho quando lhe convinha.
“Ele disse, ‘Menopausa, menopausa… Segue em frente, é a tua desculpa para tudo’”, ouviu o tribunal.
A mulher denunciou o caso e, dias depois, verificou que o seu acesso remoto já não funcionava. Decidiu, por isso, demitir-se, e processar a empresa.
Na audiência, o homem desvalorizou as suas afirmações, que disse terem sido “inocentes”. Sugeriu ainda que a funcionária apenas queria dinheiro, uma vez que ia casar-se.
O tribunal concordou com a funcionária, tendo decretado que o homem atentou contra a sua dignidade.
“A sua intenção não foi fazer uma declaração inocente, como sugeriu, mas para deixar claro aquilo que encarava ser demasiado tempo longe do escritório”, apontou.
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