Ucrânia? Apoio ocidental deverá manter-se apesar de guerra "muito cara"

A ex-presidente da Finlândia Tarja Halonen disse à Lusa que os aliados da Ucrânia devem estar preparados para "mais despesas" com uma guerra "muito cara", acreditando que Kiev continuará a ter apoio ocidental contra o "agressor" russo.

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© Mikhail Svetlov/Getty Images

Lusa
29/09/2023 08:34 ‧ 29/09/2023 por Lusa

Mundo

Tarja Halonen

"Acho que temos que estar preparados para despesas com a guerra ao longo de mais tempo, e ver também o que significa segurança, o que significa a paz moderna, e isso significa que tem que ser justa", disse Halonen, primeira mulher a ocupar o cargo presidencial no seu país.

Em entrevista à Lusa em Nova Iorque, à margem da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), a antiga líder finlandesa e membro da organização independente pró-democracia Clube de Madrid, disse não acreditar que os Governos da União Europeia diminuirão o apoio à Ucrânia no futuro próximo.

"Acredito que não, mas é claro que é bom lembrar que a guerra é sempre muito cara e que se vai perder dinheiro para a guerra quando se podia construir um futuro sustentável. Mas esta é também uma questão que não está apenas nas mãos dos ucranianos, nunca esteve. Está também nas mãos do agressor", afirmou Halonen, referindo-se à Rússia.

Seria positivo encontrar apoio da fora da Europa, além dos Estados Unidos, adiantou.

Na semana passada, no debate geral da Assembleia Geral, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, causou mal-estar entre aliados quando os repreendeu pelas medidas unilaterais que impuseram para proibir a importação de cereais ucranianos.

"Na Polónia, muitas pessoas sentiram-se ofendidas. Os polacos, tanto as autoridades públicas como as pessoas comuns, sacrificaram-se muito para ajudar a Ucrânia. Muitos até arriscaram as suas vidas", lembrou o Presidente polaco, Andrzej Duda.

Sobre essa eventual crise entre aliados, Tarja Halonen evitou o "atrevimento de entrar em análises, porque as coisas estão a mudar muito rapidamente", mas defendeu que a situação da Ucrânia "é muito diferente de outras, em muitos aspetos", pelo que o apoio a Kiev deve continuar.

"Acho que é bom lembrar que os ucranianos têm o direito de escolher o seu próprio caminho. Temos de ajudá-los a defender a sua independência. Já temos 40 mil ucranianos na Finlândia e isso é uma diferença muito grande em comparação com situações anteriores. É claro que é bom contar com amigos e aliados, mas acho que os próprios ucranianos terão que decidir o seu futuro", reforçou.

Face às críticas que têm sido lançadas ao papel da ONU, de ser um local de "muitas palavras e pouca ação", Halonen frisou que a ONU é precisamente o lugar certo para o uso de palavras e que essa "é a arma dos políticos".

"Mas precisamos de uma boa governação. Precisamos de implementação. Eu sou uma das 'mães', se assim posso dizer, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Por isso, eu poderia dizer que sabíamos desde o início que este é um novo tipo de compromisso, um compromisso político. Sim, os presidentes democráticos, primeiros-ministros e parlamentos são bem-vindos, mas não podem resolver os problemas sozinhos. Precisamos que os diferentes setores da sociedade estejam connosco", instou Halonen.

Na semana passada, a ONU foi palco da Cimeira dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, onde foi acordado um aumento de financiamento para os países em desenvolvimento.

De acordo com a ONU, apenas 15% das metas dos ODS acordadas em 2015 estão no caminho certo para serem alcançadas até 2030, um cenário bastante "preocupante" para a Organização.

De acordo com Halonen, "não se espera que a ONU faça um milagre", mas que forneça orientação ao mundo, para que sejam adotadas medidas.

"Estamos atrasados (no cumprimentos dos ODS), (...) mas isto é como uma maratona. Temos de acelerar agora e também aumentar a nossa confiança nas possibilidades para o futuro. Eu não estou pessimista. Eu acho que as pessoas estão a trabalhar, mas precisam de um empurrão, precisam de avançar...e vamos fazer isso juntos", disse à Lusa.

"Estou otimista. Todas as manhãs acordo otimista, durante o dia fico um pouco menos. Mas, na manhã seguinte, volto ao otimismo, e é assim que funciona", concluiu a política finlandesa.

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