Líder comunitário no Canadá pede mais segurança para sikhs

O presidente da Organização Mundial Sikh, Tejinder Singh Sidhu, pede mais segurança para os sikhs no Canadá, alertando há décadas para a presença de "atores do Estado indiano em território norte-americano".

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Lusa
25/09/2023 11:24 ‧ 25/09/2023 por Lusa

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Tejinder Singh Sidhu

"Há décadas que andamos a dizer isto, enquanto comunidade, que o governo indiano em solo canadiano, está ativamente a interferir", afirmou Tejinder Singh Sidhu, numa entrevista à agência Lusa.

Otava e Nova Deli estão envolvidos numa crise diplomática após o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, ter alegado que a Índia está ligada ao assassinato dum ativista para a independência sikh em junho passado, em território canadiano.

De acordo com o líder Sikh, quando ocorreu o crime, foi dito às autoridades para "olharem todas as possibilidades, incluindo atores do Estado da Índia presentes em território canadiano".

O Canadá ainda não facultou qualquer prova do envolvimento indiano no assassinato de Hardeep Singh Niijar, um líder sikh de 45 anos morto por homens mascarados em Surrey, na Colúmbia Britânica.

"Havia teorias de conspiração nos primeiros meios, de que a Índia estaria envolvida. Como o anúncio do primeiro-ministro Justin Trudeau, veio-se confirmar que esses mesmos atores indianos estão a atuar em solo canadiano", lamentou o dirigente da associação sikh com sede no Canadá.

Durante anos, a Índia afirmou que Niijar, um cidadão canadiano, nascido na Índia, tinha ligações ao terrorismo, alegação que sempre negou.

Antes de ser assassinado, Niijar estava a tentar organizar um referendo não oficial, na diáspora sikh, para a independência em relação à Índia.

"É preciso encontrar os indivíduos responsáveis pela morte deste importante líder sikh. Era alguém amado dentro da sua comunidade, além de ser o presidente da maior Sikh guardwara na Colúmbia Britânica, era muito envolvido com a comunidade loca. É importante trazer justiça a estes assassinos que cometeram este crime à luz do dia", acrescentou Tejinder Singh Sidhu.

A segunda prioridade para as autoridades canadianas, deve ser a sinalização e investigação de todos os diplomatas indianos no país e "expulsar todos aqueles envolvidos na vigilância, interferência estrangeira e espionagem no Canadá.

"O que precisamos de fazer é encontrar e identificar quem esteve envolvido neste crime e não devem ter consequências ligeiras. Quando pensamos, que alguém vem ao Canadá, um país soberano, dentro do seu território, matam alguém, não há nada mais escandaloso do que isso", lamentou.

Enquanto país soberano, o Canadá é um país multicultural, onde todas as comunidades "estão unidas em harmonia e em paz", argumentou.

"Não podemos deixar que outros governos venham aqui e perturbem essa harmonia e paz", apelou, pedindo ao Governo do Canadá mais proteção aos sikhs no país.

"Foi dito a Hardeep Singh Nijjar pelas autoridades, por diversas vezes, que a sua vida estava em perigo, mas não lhe foi garantida segurança. Sabemos de outros que se encontram na lista de alvos ou que foram identificados em perigo de vida, mas as agências do Governo não têm as ferramentas e recursos para proteger estes indivíduos. Julgo que é uma matéria que o Governo do Canadá e as agências de segurança têm de trabalhar", declarou.

A acusação de Justin Trudeau foi seguida da expulsão do Canadá de um diplomata indiano, em Otava.

Nova Deli considerou a acusação absurda e expulsou também um diplomata canadiano do país, tendo mais tarde reduzido os vistos para canadianos e pedido a Otava que reduza a sua presença diplomática no país.

As autoridades indianas designaram Niijar como terrorista em 2020, acusando-o de apoiar as exigências de uma pátria sikh independente, conhecida como Calistão, que começou com uma insurgência no estado indiana de Punjab nas décadas de 1970 e 1980, mas foi esmagada pelo Governo Indiano.

O movimento perdeu grande parte do seu poder político, mas ainda tem apoiantes do Punjab, onde os sikhs são maioria, bem como entre a considerável diáspora sikh no estrangeiro.

Cerca de 1,8 milhões de pessoas de origem indiana residem no Canadá, das quais cerca de 770 mil são sikhs.

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