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Escândalo de vistos atinge Polónia antes das eleições

Alegações de venda por consulados polacos de vistos de trabalho a migrantes por milhares de dólares, a semanas de o partido anti-imigração no poder se candidatar a um terceiro mandato, estão a ser investigadas, indicou hoje o Presidente.

Escândalo de vistos atinge Polónia antes das eleições
Notícias ao Minuto

19:53 - 14/09/23 por Lusa

Mundo Polónia

Segundo a comunicação social, as secções consulares da Polónia emitiram cerca de 250 mil vistos para migrantes da Ásia e de África desde 2021, em troca de subornos.

Questionado sobre essas notícias, o chefe de Estado, Andrzej Duda, declarou não poder revelar pormenores relacionados com o seu "conhecimento sobre as suspeitas de tais atividades" e acrescentou que aguarda os resultados da investigação.

"Tanto quanto sei, pelo menos alguma da informação veiculada pela comunicação social é falsa", referiu.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros responsável pelos assuntos consulares, Piotr Wawrzyk, foi inesperadamente demitido no mês passado, quando surgiram as primeiras notícias do escândalo nos meios de comunicação social.

Os procuradores e o Gabinete Anticorrupção do Estado indicaram hoje que sete pessoas - nenhuma delas funcionário do Estado - foram detidas por suspeita de corrupção no processo de emissão de algumas centenas de vistos de trabalho temporários. A investigação começou em julho de 2022 e está ainda em curso.

O líder da oposição polaca, Donald Tusk, classificou o caso como "provavelmente o maior escândalo do século XXI na Polónia", perguntando aos principais políticos do país há quanto tempo tinham conhecimento destas práticas, quem no governo lucrou com elas e onde está agora Wawrzyk.

Tusk, ex-primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu, dirigiu as perguntas a Duda e Jaroslaw Kaczynski, líder do partido no poder, Lei e Justiça, e chefe da respetiva bancada parlamentar. Procurou também respostas junto do primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, e dos ministros dos Negócios Estrangeiros e do Interior.

De acordo com o 'site' de notícias da Internet Onet.pl, Wawrzyk insistiu pessoalmente em que fossem emitidos vistos de trabalho temporários para grupos de pessoas da Índia que se fizeram passar por equipas que trabalhavam para a indústria cinematográfica indiana, popularmente conhecida como 'Bollywood'.

As alegações poderão ser um pesado golpe para o partido conservador no poder antes das eleições legislativas do próximo mês.

O Lei e Justiça, que tem colocado a oposição à imigração no centro das suas políticas, quer conquistar um terceiro mandato sem precedentes no país, no escrutínio de 15 de outubro.

As sondagens sugerem que o partido obterá a maioria dos votos, mas provavelmente não uma maioria suficiente para governar sozinho ou com os seus atuais aliados.

O governo populista da Polónia tem-se repetidamente recusado a acolher migrantes no âmbito do programa de partilha de encargos da União Europeia (UE).

Gastou no ano passado cerca de 1,6 mil milhões de zlotys (346 mil euros) na construção de um enorme muro ao longo da fronteira com a Bielorrússia, destinado a deter a entrada de migrantes de África e do Médio Oriente. Segundo os registos, o afluxo reduziu mas não parou totalmente.

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a Polónia abriu a sua fronteira a milhões de refugiados, oferecendo-lhes alojamento e trabalho.

Cerca de 1,3 milhões de ucranianos - na maioria mulheres e crianças - estão registados como residentes na Polónia.

Leia Também: Ucranianos trocam Polónia pela Alemanha em busca de melhores salário

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