"Apesar da ausência do [Presidente norte-americano] Joe Biden, os EUA mostraram estar bem preparados para usar a questão do Mar do Sul da China para atrair aliados e conter a China", afirmou Zhuang Guotu, diretor do Centro de Estudos do Sudeste Asiático da Universidade de Xiamen, no sudeste da China, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Segundo Zhuang, a maioria dos países da ASEAN quer coordenar com a China a questão do Mar do Sul da China, mas os "EUA estão a tentar atrair mais membros da ASEAN para conter" Pequim.

Em causa está a "linha de dez traços" na nova versão oficial do mapa territorial da China. A reivindicação de quase todo o Mar do Sul da China suscitou protestos por parte das Filipinas, Vietname e Malásia, todos membros da ASEAN.

As reivindicações incluem territórios que se encontram a menos de 200 milhas da costa ocidental de vários países da região, limite estabelecido pela ONU para determinar a soberania marítima dos Estados, numa convenção à qual a China aderiu, em 1996.

Para Li Haidong, professor na Universidade de Relações Externas da China, os EUA estão a "exaltar" a linha de dez traços, para criar "divisão e turbulência" na região Ásia -- Pacífico.

"A posição dos EUA expôs mais uma vez Washington como força perturbadora e destrutiva da integração, coordenação, cooperação, desenvolvimento e estabilidade na região", notou Li, citado pelo Global Times.

Na cimeira da ASEAN, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, criticou as reivindicações da China como uma "violação da ordem internacional".

Em reuniões com o Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., e com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, Harris destacou o compromisso de Washington com a segurança da região e prometeu combater a "assertividade" de Pequim.

"O povo norte-americano tem um interesse profundo no futuro do Indo-Pacífico", disse Harris durante uma reunião. "Compartilhamos um vínculo histórico e valores comuns com muitas das pessoas e nações daqui", defendeu.

A diplomacia chinesa disse na quinta-feira que as acusações feitas pela vice-presidente norte-americana são "infundadas e inconsistentes com os factos".

"Um certo país que não pertence à região procurou gerar problemas e incitar ao confronto no Mar do Sul da China e pôr em risco a paz e a estabilidade regionais", disse um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

"Os EUA desviaram-se deliberadamente do tema da reunião para azedar a atmosfera", acusou. "Isto vai contra o desejo das pessoas da região".

Esta semana, navios da Marinha dos Estados Unidos e das Filipinas navegaram juntos, pela primeira vez, em águas no Mar do Sul da China, onde Manila e Pequim disputam a soberania de várias ilhas.

Em 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia (PCA) determinou que a reivindicação da China sobre as ilhas disputadas "não tem base legal", decidindo a favor de Manila, uma decisão que Pequim se recusa a acatar.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, vai também visitar o Vietname, a partir de domingo, com o objetivo de travar a crescente influência da China na região, segundo analistas.

"Nos Balcãs, Médio Oriente, Norte de África, Afeganistão e Ucrânia, as áreas de foco estratégico dos EUA são frequentemente abaladas por realidades trágicas e catastróficas", disse Li Haidong.

"Os países da região Ásia - Pacífico devem permanecer unidos e reforçar a cooperação para evitar que os EUA criem novas crises para manter a sua hegemonia e os seus interesses estratégicos", vincou o analista.

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